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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

domingo, agosto 25, 2002
Uma Lição De Amor (I Am Sam)

Um filme claramente feito com carinho e amor por toda equipe, isso fica bem mais claro nos bastidores do filme. Sean Penn impressiona, esquecemos que ele é "normal" na vida real; Michelle Pfeiffer além de ótima continua linda; a garota Dakota Fanning já tinha visto em Ally McBeal e O Desafio e é excelente e também uma gracinha; os outros coadjuvantes são bons, a maioria vinda de seriados e Laura Dern e Dianne Wiest completando (Mary Steenburgen aparece brevemente). Cenas pra chorar há quase toda hora. Acho que o filme dribla bem a resolução, que eu nem esperava que terminaria ali, sem uma conclusão explicadinha, ainda mais que não é uma história real, por isso qualquer outra conclusão mais definitiva não teria poder com o público, já que jogaria com as irrealidades de um simples filme pois não há um fato real que sustente a conclusão (em filmes com essa temática o fato real pesa muito no poder de um filme). Assim aquele final é muito bem posto para uma ficção. No dvd na parte dos bastidores podemos ver melhor o trabalho bonito feito para se chegar ao resultado final. As pesquisas com verdadeiros deficientes, a inclusão de dois atores deficientes no elenco, as escolhas dos protagonistas e coajuvantes, o trabalho de câmera, da edição e a trilha sonora; todos da equipe juntos não para um trabalho apenas, mas uma obra conjunta de um tema que emocionou e ensinou muito todos que participaram.

A questão da trilha sonora é muito peculiar e interessante. Os Beatles é a banda favorita da maioria dos deficientes encontrados nas pesquisas feitas, sabendo todas as canções e histórias por detrás, então se achou conveniente que o personagem de Sean Penn tivesse esse gosto. A questão de liberação de direitos autorais pesou na hora de querer colocar isso no filme e dentro do contexto da história. Foi depois que Yoko e Paul viram o filme (George não pôde ver, estava doente e logo após faleceria; Ringo não lembro) e se emocionaram é que liberaram. Para não trazer custos a mais pensaram em usar covers e para isso houve um processo de escolha de músicos da mesma maneira que foi escolhido o elenco. O que cada seqüência transmitia para achar primeiro a canção certa e depois o músico mais adequado. Assim os contactados viram o filme também e absorveram o que cada uma de suas seqüências significaria para o filme e gravaram de acordo com esse sentimento. Num certo sentido foram atores. Eddie Vedder chegou a cantar sua parte vendo na tela o momento que sua música apareceria. Ben Harper, Aimee Mann também. Assim cada canção / músico escolhido tem um significado todo especial com relação ao filme e ao momento que isso ocorre. Achei um fato bem raro e bonito de se fazer. Imaginem se não houvesse a liberação do uso das canções dos Beatles? O filme perderia todo um contexto específico e cenas importantes de exemplos que o personagem de Sean Penn dá tirados de histórias da banda.

Creio que isso é só mais uma prova do imenso carinho que esse filme foi feito, que levou mais de 4 anos para sua realização.

As cenas cortadas são boas, mas os cortes são perfeitamente coerentes e foram para um resultado melhor do filme.

Se o filme tem falhas? Claro, várias, mas o trabalho de amor supera essas falhas que se fossem num filme fabricado automaticamente seriam os alvos certeiros para destruir o filme.


posted by RENATO DOHO 4:57 AM
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