RD - B Side
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, outubro 28, 2003
A Temporada De Gripe

Peça de Will Eno que Felipe Hirsch montou aqui no Brasil. Os 4 atores estão muito bem falando do amor num hospício. Eno é pessimista com muito senso de humor. Há dois comentaristas / narradores antogônicos na peça (o home otimista, a mulher pessimista, aliás, que atriz bonita!) e dois casais (os médicos e os pacientes). Cenário de Daniela Thomas. No final desmontasse o palco para o público, o único porém é que os atores não voltam para o palco para receber aplausos, ficando um anti clímax no ar. Mais um bom trabalho de Hirsch trabalhando a memória.


posted by RENATO DOHO 7:05 PM
. . .
Comments:
Mais Mostra

Querendo Ir Para Casa (Scorsese) *** - bom, interessante, mas nada de novo

As Termas De Akitsu (Yoshida) ***1/2 - mais um bom filme de Yoshida com final dramático

Serpente De Junho (Tsukamoto) **** - ótimo novo filme do mesmo diretor de Tóquio Porrada

Recordações Da Casa Amarela (Monteiro) ***1/2 - filme bem legal que introduz o personagem de João De Deus

Coral De Tóquio (Ozu) ***1/2 - filme mudo (teve acompanhamento ao vivo de piano) cativante

Piano Blues (Eastwood) ***1/2 - entrevistas, imagens de arquivo e duetos em legais com os pianistas do blues conduzido com paixão pelo próprio Eastwood

Distante (Ceylan) *** - interessante, bem conduzido falando de relacionamentos e fracassos

Esquadrão Bebop (Watanabe) *** - pra quem conhece a série vai achar que faltou algo (a trilha é um pouco diferente, há menos ação e há mais falas), mas para os iniciantes vai ser bem mais empolgante

A Captura Dos Friedmans (Jarecki) **** - documentário poderoso e muito bem feito falando da história de uma família disfuncional num caso de pedofilia; para ficar na mente por muito tempo pelos vários aspectos que o filme aborda (o caso em si, a família, psicologia, criação, etcs)

Swimming Poll (Ozon) ***1/2 - pros fãs da Ludivine é 4 estrelas! Sempre de seios de fora, maravilhosa! De resto um bem conduzido duelo de atrizes e gerações que descamba no suspense (o ponto fraco do filme); o final é previsível quando a protagonista é uma escritora

Adeus Dragon Inn (Ming Liang) ****1/2 - excepcional filme, corajoso e hipnotizante; a primeira fala real do filme só aparece lá pros 50 minutos e não muito se fala depois disso, indispensável!


posted by RENATO DOHO 6:52 PM
. . .
Comments:
quarta-feira, outubro 22, 2003
Livros

Adquiri esses recentemente:

Sobrevivente de Chuck Palahniuk (o autor de Clube Da Luta)

Dylan de Howard Sounes (já li antes a ótima bio do Bukowski escrita pelo mesmo autor)


posted by RENATO DOHO 7:22 PM
. . .
Comments:
Mostra BR

Rapidinho:

Fim De Verão (Ozu) ***1/2 - penúltimo do Ozu

História Escrita Com Água (Yoshida) ***1/2 - nouvelle vague misturado com Ozu

Neste Mundo (Winterbottom) ***1/2 - documentário ficcional (!), só a música é fora de tom

Mulheres No Espelho (Yoshida) **** - muito bom relacionando uma história pessoal / familiar com a bomba atômica

Gozu (Miike) **** - Takashi mais uma vez surpreendendo (ainda mais no final)

Falando De Sexo (McNaughton) ***1/2 - engraçada comédia com uns cacoetes que irritam (tipo começar por uma cena que vai ser retomada no final) mas não atrapalham muito

Alma De Herói (Ross) **** - cinemão de ótima qualidade; até Bukowski gostava de corrida de cavalos, oras!

A História De Marie E Julien (Rivette) **1/2 - Sexto Sentido francês, Rivette?! Aí não dá! hehehe


posted by RENATO DOHO 7:13 PM
. . .
Comments:
quinta-feira, outubro 16, 2003
Bater Ou Correr Em Londres (Shanghai Knights)

O melhor filme de Jackie Chan nos EUA. Finalmente há espaço para as cenas de ação / malabarismo / dança de Chan e também o roteiro consegue ser bem feito ao não desprezar o primeiro filme, ter bons momentos de humor e acrescentar várias brincadeiras inteligentes com fatos e personagens da época (alguns não falarei para não estragar) como Jack O Estripador, Sherlock Holmes e outros. A seqüência "Cantando Na Chuva" é ótima. Aqui, mais que em outros filmes americanos que Jackie fez fica explícito o lado Chaplin / Keaton dele (como na seqüência dos guardas na porta giratória). Owen Wilson está bem e consegue fazer o filme ficar bem engraçado (faz tempo que não ria tanto assim num filme). Fann Wong é bonita e faz com competência suas cenas. Há a presença especial de Donnie Yen como vilão. O diretor, David Dobkin, merece ser conferido em seu próximo trabalho (o seu anterior, Clay Pigeons, parece ser bem interessante). No dvd cenas deletadas, um pouco dos bastidores (onde vemos a maestria de Chan para melhorar e conduzir as cenas e a esperteza de Wilson para toques humorísticos, melhorando em muito o roteiro original) e um pequeno clipe que imita filme mudo (com música típica) com as cenas de ação do filme com Chan. Há também faixa de comentários do diretor e outra dos roteiristas (legendados), só que não conferi (só um pouco a do diretor).


posted by RENATO DOHO 1:36 AM
. . .
Comments:
Sonhos De Bunker Hill (Dreams From Bunker Hill)

Continuação das (des) aventuras de Arturo Bandini após Pergunte Ao Pó. John Fante teve que ditar o livro para sua espoas já que se encontrava cego e sem as duas pernas (por causa da diabetes). Bandini agora entra no mundo do cinema, tentando virar um roteirista e nisso vai se envolver com gente de Hollywood, a dona do hotel onde ele está e outros personagens pitorescos. Há uma passagem significativa com a família na sua cidade natal e a introdução de um lutador de vale-tudo. Claro que no meio disso tudo Fante fala da angústia da criação, das poucas perspectivas de Bandini e da farsa que cria para dar um significado para sua vida diante de sua família e seu passado, o medo do fracasso e da pobreza sempre rondando. Mesmo assim a literatura e o ato de escrever continua sendo a mola mestra para a esperança de dias melhores.


posted by RENATO DOHO 1:12 AM
. . .
Comments:
segunda-feira, outubro 13, 2003
Edward Norton

Foi bom o Inside Actors Studio com Edward Norton. Algumas curiosidades que não sabia dele:

- cursou história e no curso aprendeu japonês (por se interessar em cultura asiática), tá enferrujado, mas até hoje fala bem japonês quando vai promover filmes no Japão (ele contou até 10 em japonês hehe); morou um tempo no Japão trabalhando.

- os diálogos que acabaram entrando em Frida são quase todos escritos por Norton que reescreveu todo o roteiro. Como ele não é da Writers Guide não pôde receber créditos, o que o deixou um pouco triste (mesmo caso de Waking The Dead, o roteiro que está nas telas é todo do Keith Gordon, mas os créditos são de outra pessoa, o roteirista inicialmente contratado; também Alta Fidelidade que é quase todo do Cusack, só que dividiu créditos com outros roteiristas).

- a mãe foi descobrir câncer quando Norton fazia seu primeiro filme e se percebe que isso foi algo duro pra ele, não poder compartilhar atualmente o sucesso de sua carreira com sua maior incentivadora.

- uma das melhores experiências em filme: O Povo Contra Larry Flynt; um dos filmes que ele quis ver de novo tendo atuado nele: Clube Da Luta que ele acha daqueles de um a cada geração.

Falaram de quase todos o filmes dele (até Última Noite), só não falaram de Morra Smoochy Morra, uma pena.

Fora A Última Noite já vi todos dele.

1996: As Duas Faces De Um Crime (Primal Fear).
1996: O Povo Contra Larry Flynt (The People Vs. Larry Flynt).
1996: Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You).
1998: Cartas Na Mesa (Rounders).
1998: A Outra História Americana (American History X).
1999: Clube Da Luta (Fight Club).
2000: Tenha Fé (Keeping The Faith).
2001: A Cartada Final (The Score).
2002: Morra Smoochy, Morra (Death To Smoochy).
2002: Dragão Vermelho (Red Dragon).
2002: Frida (Idem).
2002: A Última Noite (25th Hour).
2003: Uma Saída De Mestre (The Italian Job).
2004: Fear Itself.


posted by RENATO DOHO 6:24 PM
. . .
Comments:
domingo, outubro 12, 2003
All The Real Girls



Outra trilha interessante, do filme Prova De Amor.

1. All These Vicious Dogs - Will Oldham - 2:25
2. Beautiful Stars - Isaac Freeman - 5:55
3. Hottub - Michael Linnen / David Wingo - 1:49
4. Sea of Teeth - Sparklehorse - 4:29
5. Cantus For Bob Hardison - Michael Linnen / David Wingo - 3:31
6. Fear Satan [Remix] - Mogwai - 9:49
7. Goin' Back Home - Paul Jones - 2:32
8. Body on Fire - Steady Baker / Pyramid - 3:05
9. Streets Were Raining - Pyramid - 5:01
10. I Wanna Dance 4U - Michael Linnen / David Wingo - 2:55
11. Cactus Wren - Mark Olson / Creekdippers - 4:40
12. Say Goodbye Good - Promise Ring - 6:38


posted by RENATO DOHO 10:12 PM
. . .
Comments:
Lost In Translation



Bela trilha do belo filme de Sofia Coppola.

1. Intro/Tokyo
2. City Girl - Kevin Shields
3. Fantino - Sebastian Tellier
4. Tommib - Squarepusher
5. Girls - Death In Vegas
6. Goodbye - Kevin Shields
7. Too Young - Phoenix
8. Kaze Wo Atsumete - Happy End
9. On The Subway - Brian Reitzell & Roger J. Manning, Jr.
10. Ikebana - Kevin Shields
11. Sometimes - My Bloody Valentine
12. Alone In Kyoto - Air
13. Shibuya - Brian Reitzell & Roger J. Manning, Jr.
14. Are You Awake? - Kevin Shields
15. Just Like Honey - The Jesus & Mary Chain


posted by RENATO DOHO 10:06 PM
. . .
Comments:
Festival Do Rio 2003

Vi poucos esse ano, mas mais do que em 2002 (16 contra 11). Uma divisão classificatória só para servir de guia:

ÓTIMOS

Demonlover
Elefante (Elephant)
Encontros E Desencontros (Lost In Translation)
Para Sempre Na Minha Vida (Come Te Nessuno Mai)
Prova De Amor (All The Real Girls)
The Brown Bunny

BONS

Anti Herói Americano (American Splendor)
Auto Focus (Idem)
Confidence
Geração Roubada (Rabbit Proof Fence)
Interstella 5555 – The 5tory Of The 5ecret 5tar 5ystem

REGULARES

Aos Treze (Thirteen)
A Vida De David Gale (The Life Of David Gale)
O Inferno Dos Porcos (Pig’s Inferno) - seria bom, mas foi visto com sono
Pieces Of April

RUINS

Ken Park (Idem)


posted by RENATO DOHO 3:27 AM
. . .
Comments:
sábado, outubro 11, 2003
Credores



Peça de August Strindberg com Alessandra Negrini, Emílio De Mello e Marcos Winter.

Baseado em fatos vividos pelo autor a peça retrata a relação conflituosa entre homens e mulheres, com muita acidez e perspicácia ao revelar as manipulações poderosas e sutis nas relações.

Os atores estão bem e Negrini combina tão bem com o personagem (através dos gestos e da própria persona) que compensa sua leve deficiência se comparada com os dois outros atores.

O cenário é simples e sem complicações (três telas e móveis de uma sala de hotel de 1888 em Estocolmo).

Primeira vez que a peça é montada no país.


posted by RENATO DOHO 2:35 AM
. . .
Comments:
Pieces Of April

Filme indie USA gravado em digital com Katie Holmes. Quem viu o trailer já sabe quase toda a história e pode ter cara de sessão da tarde. Não foge muito disso, mas é divertido em boa parte da duração e com bons momentos de drama com a mãe (Patricia Clarkson). Supostamente são pequenas histórias reais da vida do diretor. Melhor do que eu esperava, mas fora tudo isso não dava pra não deixar de ver um filme com a Katie Holmes, né? Já vi cada merda dela (Tentação Fatal, Comportamento Suspeito) hehehe que esse até que é bom. O diretor (estreante) é o roteirista de Um Grande Garoto.


posted by RENATO DOHO 2:04 AM
. . .
Comments:
quinta-feira, outubro 09, 2003
ohmygod!



posted by RENATO DOHO 5:23 AM
. . .
Comments:
Further Tales Of The City



Achei esse dvd duplo importado por 20 reais. Como sou fã da Laura Linney e isso é inédito por aqui resolvi comprar.


posted by RENATO DOHO 2:46 AM
. . .
Comments:
Rapidinhas

Uma atualizada ligeira no que vi no festival:

Aos Treze (Thirteen)

Uma sessão da tarde que tenta se passar como um Christiane F. dos anos 2000, mas não tem a força para isso. É baseado nas experiências reais da atriz coadjuvante do filme, ela só não fez a protagonista por não ter experiência e também por já não ter uma cara angelical necessária. Nesse quesito a escolha de Evan Rachel Wood (conhecida pelo seriado Once Again) é boa, ela passa a inocência exigida que vai sendo desmoronada aos poucos, além disso é bonita, talvez sua primeira interpretação de peso na carreira. O problema é que as dificuldades da protagonista não são muito pesadas, são até banais atualmente. Drogas leves aqui e ali, sexo promíscuo (ohhh), pequenos furtos, tráfico leve, um leve beijo lésbico, etcs. Nada para tamanho desespero da mãe (Holly Hunter). Com isso os dramas da família ficam parecendo mais leves que de novelas, perdendo muito qualquer força que teria inicialmente. Mesmo assim não é ruim, só é normal demais (a fotografia é bem colorida, cheio de filtros).

Auto Focus (Idem)

Bom filme de Paul Schrader falando da vida do ator Bob Crane (que fez a série de tv Guerra, Sombra E Água Fresca) do sucesso ao fracassso, muito devido ao sexo, ao qual ele era plenamente viciado. É um conto moral (como não devia deixar de ser num filme de Schrader) bem interpretado por Greg Kinnear. Willem Dafoe também está bem como o amigo tarado que o vai levar ao mundo da "perdição" do sexo desenfreado. Não sabia do final do filme, é um mistério intrigante o que ocorre com Crane. Pra se pensar.

Geração Roubada (Rabbit Proof Fence)

Filme independente e "autoral" de Philip Noyce, diretor de cinemão por excelência (Jogos Patrióticos, Sliver). Conta a história real dos mestiços aborígenes da Austrália que sofrem com as diretrizes do governo de assimilação dos mestiços na cultura branca. Para isso os filhos mestiços eram retirados de suas famílias para morarem em campos de treinamento (comandado por freiras) até ficarem "aceitáveis" para a sociedade branca australiana. Kenneth Branagh faz o encarregado desse projeto. A trama se centra em três garotas que fogem do campo de treinamento e têm que andar por quase toda Austrália para voltar para casa. É um filme de jornada e de fuga. As interpretações das garotas são boas, ainda mais que são amadoras. O filme é especialmente tocante ao mostrar as verdadeiras fugitivas ao final, falando o que aconteceu com cada uma e alguns dados históricos. Fica marcado o fato negro na história australiana.

Prova De Amor (All The Real Girls)

Filme independente de um jovem diretor (28 anos). Há quem possa apontar os defeitos típicos dos filmes independentes americanos, mas as qualidades superam isso. A grande qualidade é a interpretação de Zooey Deschanel, ainda pouco conhecida (em Quase Famosos fez a irmã do protagonista) e com sua melhor performance. Ficamos realmente apaixonados por ela e assim entramos bem mais na história, acreditamos no homem que se apaixona por ela. Ela é a força maior do filme, fazendo uma jovem que volta para a cidade natal (após ter estudado num internato de meninas) e se começa a se relacionar com o melhor amigo do irmão. Só que o irmão não gosta nada disso pois conhece o passado do amigo, que ficou com quase todas da cidade e magoou cada uma delas. Esse relacionamento que vai ser mostrado durante o filme que começa um pouco com Twin Peaks (aquele cenário de cidade de interior americana, os personagens típicos). Há um virada interessante na parte final com uma atitude da mulher e o fim mesmo é bem aberto, com boa conclusão, sem apontar muitas direções do que vai acontecer com cada personagem, mas sim vidas que continuarão. O defeito mais evidente é a escolha do ator principal, Paul Schneider, que é inexpressivo (não sei de escolha deliberada do diretor) e não passa a imagem de alguém que tenha ficado com quase toda cidade e tenha fama de filha da puta. Ele é o co-roteirista do filme, junto com o diretor.

O diretor está finalizando um filme com Drew Barrymore. Se ele fizer com ela o que fez com a Zooey podemos esperar uma grande interpretação.

Elefante (Elephant)

Mais um ótimo filme de Van Sant na fase pós Gerry (que continua superior). A forma é a coisa mais importante aqui, as caminhadas dos protagonistas, os pulos do tempo e retomadas, as entrecruzilhadas das narrativas... A história mesmo é quase nada, são alguns momentos anteriores no cotidiano de uma escola secundária até o momento de um massacre (baseado em Columbine). A recepção do público é ruim dos dois lados: os que não gostam acham o filme parado e sem nada pra falar; os que gostam acham a parte do massacre "legal". Uma parte que achei problemática é a caracterização dos assassinos. Achei que Van Sant iam jogar com isso com o público, reverter percepções, mas não, são eles mesmo o tempo todo, são os que têm jogos de um person shooter, que assistem algo nazista na tv, que são os rejeitados da escola, que compram armas pela internet, que tocam Beethoven ao piano, que se beijam no banheiro (pela primeira vez, isto é, são virgens)... Fora isso um ótimo filme, com uma fluência poderosa.

American Splendor (Idem)

Filme bem legal que conta a história real (com intervenções do personagem real durante o filme) de um escritor de quadrinhos, contemporâneo de Crumb (que ilustrou várias de suas histórias). Aqui Paul Giamatti tem uma grande interpretação, auxiliada por uma feiosa (de propósito) Hope Davis. A direção (de uma dupla) tenta passar um clima de quadrinhos, mas não foge do convencional. Os fatos reais são muito engraçados ainda mais para quem não conhecia o retratado (como eu), a participação no Letterman por exemplo. Mais um filme que mostra como a arte da própria vida se confunde entre realidade e ficção, isto é, quando um artista é reconhecido por se mostrar por inteiro em sua arte cheag um momento que ele não sabe mais se o que ele faz é arte ou dizem que é arte o que ele faz, se ele vive sua vida para transformar em arte ou ele virou um personagem de si próprio? Não, o filme não chega a ir a fundo nesses temas, mas aborda um pouco.

Interstella 555

Anime que é a continuação do clipe de Daft Punk para One More Time. Toca o cd inteiro da dupla enquanto se conta a história toda iniciada no clipe, sem diálogos, só imagens. Curto (70 minutos), mas muito interessante. Um grande clipão do Daft Punk com imagens de anime e uma história de resgate.

The Brown Bunny

Então, é isso. Como ficamos? Sessão quase lotada e pra quê? Óbvio! Pra ver a tal cena polêmica! Ela aparece? Sim. É explícita? Sim. E fora isso? Bem, aí é que a coisa complica. O filme é bem bom sem ter quase nada de história ou qualquer outra coisa. Vincent Gallo consegue criar clima, belos momentos e posicionar bem a câmera, com ângulos diferentes e íntimos, mas são quase 90 minutos onde quase nada acontece a não ser ele dirigindo pelas estradas dos EUA. Temos até dois "clipes" no filme: a estrada sendo filmada e duas canções tocando inteiras em momentos distintos do filme. Ou ele no banheiro (algumas vezes) molhando o rosto e enxugando bem vagarosamente. A história mesmo (e a cena polêmica) se concentra nos 12 minutos finais mais ou menos. Com isso muita gente ficou puta com o filme (o que é ótimo, para acabar com esse hype besta em cima do filme). Para quem gostou do filme anterior de Gallo, o ótimo Buffalo 66 vai gostar também deste. Fica a pergunta se Gallo pôs a cena explícita apenas para chamar atenção (para o filme ou para o próprio pau) já que ela não é necessária para o filme. O ego do diretor (fora querer mostrar o pau) fica um pouco em evidência nos créditos: escrito, editado, fotografado, produzido e dirigido (fora operador de câmera). Putz! Mas também se não houvesse a cena explícita o filme (que já não é bem falado por aí, mas foi visto) seria visto por uns 100 espectadores no mundo inteiro, talvez, quem sabe? Com a tal cena muita gente viu e verá, mesmo que saía amaldiçoando o diretor no final. A decisão de fazer a cena por Chloë Sevigny é polêmica, a menos que seja ou foi namorada de Gallo fica difícil saber porque se sujeitaria a isso para uma cena que claramente não era essencial e parece ser feita muito para o prazer do diretor / ator... Ou uma grande (mas grande mesmo) amizade com Gallo. De resto, ela dá a cena um toque bem sexual, mais do que ela naturalmente é.

Em Cannes o filme passou com 112 minutos, aqui 90 minutos. O que será que foi cortado?

Já no cinemão...

Abaixo O Amor (Down With Love)

Divertida comédia romântica tentando reprozudir o clima das antigas comédias românticas da década de 50. Soluções engraçadas para diálogos, cenários e situações. Renée Zellweger e Ewan McGregor estão bem, mas é mais crível ela ter se apaixonado por ele do que ao contrário, não há muita química entre os dois protagonistas o que afeta um pouco o filme.

Uma Saída De Mestre (The Italian Job)

Ótimo filme de ação feita à moda antiga, com trama de roubo, perseguições e ação. Ed Norton parece estar reprisando o papel que fez em A Cartada Final, ele está no automático. Mark Walhberg tá aquela coisa de sempre. Mas isso não importa, F. Gary Gray tem ritmo para a coisa e mostra Charlize Theron em uma de suas belas participações na tela. Uma reviravolta (como isso está ficando comum nos filmes, não?) é interessante na parte final porque até aquele momento o público e o bando estavam na mesam situação, sabendo passo a passo o que iria acontecer, aí de repente o público fica atrás e somos conduzidos por onde o bando quiser que o público vá, ficamos perdidos como o personagem de Ed Norton. Fora tudo isso não vamos ver aqui nenhuma grande novidade na trama ou nas cenas de ação (sem truquezinhos novos), mas o filme nos envolve tanto que esquecemos disso.


posted by RENATO DOHO 2:19 AM
. . .
Comments:
domingo, outubro 05, 2003
John Ford

Caracoles, sonhar com o John Ford bem velhinho cobrando para que fãs o vejam numa locadora e ir embora escoltado pela esposa é um sonho bizzarro, mas eu sonhei isso!


posted by RENATO DOHO 1:11 PM
. . .
Comments:
sábado, outubro 04, 2003
Ken Park (Idem)

Uma bosta, mas o que adianta falar isso se as pessoas irão lotar as salas onde esse filme passará? A curiosidade e hype vão falar mais alto. Uma trama rasíssima para mostrar histórias previsíveis ao extremo (ainda mais aqui onde temos Nelson Rodrigues nos embalando desde o berço) que supostamentte são baseadas em experiências reais dos realizadores (não duvido, há muitos clichês pelo mundo à fora). A gratuitidade da coisa é tamanha que temos até movimentos intencionais da câmera com o único propósito de nos mostrar paus (gozando ou mijando). Uau! Que "radical"! Já que era para provocar cadê a cena do pai religioso comendo a filha? Cadê o garoto que come sogra e filha comendo a namorada, quem sabe com a mãe entrando na parada? Ah tem até uma filhinha menor, manda ela entrar na coisa também já que é assim...

Ao menos dá pra ver a
Maeve Quinlan, a sogra gostosa, nua. Sorte do ator que fez sexo oral com ela! Fiquei sabendo que ela era tenista e foi casada com o Tom Sizemore.

O Inferno Dos Porcos (Pig's Inferno)

Filme japonês marcado pelo experimentalismo falando da história de uma relação incestuosa entre irmãos, a escritura das memórias da irmã já falecida e a loucura do irmão após isso. O filme é cheio de offs, repetições, cantorias, visuais diferentes a cada plano e nenhuma preocupação narrativa formal. Como foi a primeira sessão do dia e eu só tinha dormido 4 horas no dia anterior creio que o filme saiu prejudicado pelo meu sono, o que tornou o filme bem mais complexo do que deve ser. Acho que parte da equipe do filme e o ator principal estavam na platéia.

posted by RENATO DOHO 10:20 PM
. . .
Comments:
P.S.

A trilha de Para Sempre Na Minha Vida é exagerada, emocional, italiana hehehe achei bem boa. Quem compôs foi Paolo Buonvino.


posted by RENATO DOHO 3:00 AM
. . .
Comments:
A Vida De David Gale (The Life Of David Gale)

Novo filme de Alan Parker. Mais tradicional (mesmo com passagens de tempo com efeitos "modernos") falando sobre a pena de morte. Kevin Spacey é o professor, grande ativista contra a pena de morte, acusado de estupro e assassinato de uma amiga (Laura Linney) que agora enfrenta a pena de morte no Texas. Kate Winslet é a jornalista chamada por ele para relatar toda a história. A partir disso ela vai tentar em 4 dias provar sua inocência. Como o filme é conduzido e as atuações são todas funcionais, servem ao propósito, apenas as revelações finais pecam por não se tratarem de fatos reais, então a luta contra a pena de morte fica fraca, pois por se tratar de uma história fictícia não há argumentos reais que isso poderia acontecer e assim acabar com os que defendem a pena. Por outro lado ficamos querendo saber como o crime ocorreu e quem matou durante quase todo o filme.

Para Sempre Na Minha Vida (Come Te Nessuno Mai)

Uma grande surpresa vindo de Gabriele Muccino (diretor de O Último Beijo). Este filme foi feito um ano antes de O Último Beijo e trata de um dia na vida de Silvio (feito pelo irmão do diretor, que eu achava ser o filho, Silvio Muccino) quando estudantes de sua escola a invadem para tomar posse, contra a privatização. No meio de toda confusão os relacionamentos amorosos que iniciam e acabam nesse dia.

O filme é ótimo, ágil, jovem, envolvente. Faz um retrato legal da juventude italiana. Realiza um balanço equilibrado entre política e amores, pais e filhos. No meio de todas as sentenças de ordem dos "revolucionários" vê-se que o mais importante mesmo são os relacionamentos humanos. O conflito geracional não é feito de forma maniqueísta com os pais que foram rebeldes / revolucionários quando jovens e agora são caretões / burgueses, é tocante por exemplo a tentativa da mãe (Anna Galiena) de se comunicar com os 3 filhos (2 homens e 1 mulher) e desabafar que se sente só mesmo com 3 filhos.

Os atores jovens estão ótimos, as meninas são bem escolhidas e são apaixonantes. Dá pra comparar com os filmes do Furtado no cinema que apesar de mostrarem várias cenas boas não tem o conjunto forte como Muccino consegue criar, pois o italiano não desvia demais a trama para outros assuntos e sabe que é mágico aquele momento para os adolescentes onde tudo parece ser a coisa mais importante da vida.

Aquele clichê da amiga que gosta de você, mas não se declara e você não percebe isso é mais uma vez mostrado aqui, mas é de forma tão tocante que não dá pra não dar um chorinho discreto, ainda mais para quem desejaria que isso tivesse ocorrido pessoalmente tempos atrás...

No final percebe-se claramente ser um filme movido pela paixão ao mostrar cada ator olhando descontraidamente para a câmera. Um filme extremamente alto astral, muito engraçado e emocionante. Até agora (também vi pouco) o melhor do Festival.

Encontros E Desencontros (Lost In Translation)

Sofia Coppola realiza um filme bem terno sobre o amor entre estranhos perdidos num país desconhecido (no caso o Japão) com um toque de melancolia no ar. Os dois estranhos são Bill Murray como um ator conhecido que vai fazer comerciais na terra do sol e Scarlett Johansson (linda! maravilhosa!) como a recém esposa de um fotógrafo de moda. Por circunstâncias do acaso se encontram na mesma situação de desajuste com o ambiente local e surge dali uma grande amizade e um amor de grande diferença de idade. Tirando certos aspectos o filme pode lembrar Antes Do Amanhecer no aspecto de 2 seres que num país estranho para ambos surge um relacionamento de amizade que pode virar amor, mas que está fadado a ter um fim. Sofia primeiramente aposta no humor, nos contrastes culturais e sociais (soa até preconceituoso no início, mas ela tenta ajustar as coisas na metade final) para depois passar para o relacionamento destes dois indivíduos tão distintos que estão reavaliando suas vidas (ela sem um rumo ainda e ele desanimado com o rumo que tomou).

A trilha é muito bem escolhida (a ótima de Elvis Costello é cantada no karaokê por Bill Murray). Tóquio com seu visual colorido em demasiado é cenário ideal para a trama do filme.

Anna Faris tem uma participação engraçada como uma atriz famosa de filmes de ação toda espoleta e desinibida, mas superficial e débil (inspirada em Cameron Diaz conforme Sofia disse). Aliás, acho que Sofia fez da personagem de Scarlett seu alter ego; o marido é atrapalhado e afobado como Spike Jonze (marido de Sofia); por achar idiota muitas coisas e ter um comportamento blasé para as coisas é vista pelo marido como arrogante que se acha intelectualmente superior (Scarlett é a escolha certíssima para esse tipo de papel).

O final pode parecer triste, mas uma fala não ouvida pelo público pode significar esperança.

Pessoalmente acho que os dois não são um belo casal, pois é mais a situação criada que os fez se aproximar e se identificar um com o outro, não acredito que num momento outro eles iriam se identificar tanto assim, ao menos por parte dela, já que qualquer homem ficaria interessado na Scarlett em qualquer situação. Encaro muito mais o relacionamento deles como uma grande amizade, por parte dela como um pai, mas por parte dele como uma projeção de sua própria esposa quando jovem. Não acho pessimista acreditar que se o casal se formasse no final haveria dentro de algum tempo o mesmo tipo de tédio e angústia que ambos se encontravam no começo do filme, antes de se conhecerem.

Enfim, é um filme sensível com belos momentos e boas atuações (mesmo que eu sempre tenha achado Bill Murray um tanto arrogante como ator em vários filmes).


posted by RENATO DOHO 2:40 AM
. . .
Comments:
sexta-feira, outubro 03, 2003
Pechinchas

Estar numa cidade grande é outra coisa, não? As chances de achar coisas com preço mais em conta são bem altas. Algumas coisas adquiridas por um bom preço:

- The Concert For New York (cd duplo);

- trilha sonora de Moonlight Mile (aqui chamado de Vida Que Segue);

- livro de Cormac McCarthy, Cidades Da Planície (completando a trilogia da fronteira: Todos Os Belos Cavalos e A Travessia), texto sobre o livro,
aqui.

- livro Bruce Springsteen - Songs, importado, na verdade um songbook oficial com todas as letras das canções oficiais, rascunhos, várias fotos inéditas e comentários do próprio boss sobre cada fase. Item obrigatório para fãs! Achei por acaso numa barraca de rua que vende livros com preços mais baratos. Era um livro que nem pensava em ter por ser muito caro aqui (quando achava em raros lugares) e lá fora também (50 dólares), quando vi o livro e o preço (pechinchado ainda mais, claro) não tive dúvidas: I got it!



- fita vhs do filme A Síndrome De Stendhal de Dario Argento;

- embalagens de dvds (5 por 2 reais).

Fora isso peguei fitas que tinha deixado com um amigo para gravações de algumas coisas, do que lembro tem: Gerry de Gus Van Sant, alguns episódios de Curb Your Enthusiasm, um filme antigo do Nanni Moretti, Terra De Faraós de Howard Hawks, um episódio do Projeto Greenlight, documentários sobre Woody Allen e Giuseppe Tornatore.

posted by RENATO DOHO 12:10 AM
. . .
Comments:
quinta-feira, outubro 02, 2003
Confidence (Idem)

Filme de James Foley com Ed Burns, Dustin Hoffman, Rachel Weisz, Andy Garcia, Paul Giamatti e Luiz Guzman. O elenco bem conhecido e a trama de homens praticando um golpe parece tratar-se de um filme do David Mamet (seja escrevendo ou dirigindo), mas não é. Foley consegue com ajuda do elenco e uma boa fotografia criar um filme extremamente envolvente, não largamos da trama em nenhum momento. Só que esse tipo de filme já é conhecido e há vários assim já feitos, por isso algumas coisas não soam surpreendentes. Um exemplo, o filme é contado em flashbacks e o tempo presente do filme não é exatamente o que aparenta ser ao final. A estrutura do roteiro é bem conhecida e o público pode adivinhar as coisas ou ao menos desconfiar de tudo (o que cada vez mais torna filmes desse gênero aprisionados em suas regras), o que não torna o filme fraco, apenas não tem um desfecho que marque e o diferencie do resto. Rachel Weisz está particularmente linda, e os outros atores tem bons momentos.


posted by RENATO DOHO 11:48 PM
. . .
Comments:
Demonlover (Idem)

Primeiro filme visto no Festival Do Rio 2003. Apesar de gostar do Olivier Assayas (cineasta e crítico) só tinha visto Irma Vep antes deste. Água Fria e Os Destinos Sentimentais ainda tenho gravados para ver. Há semelhanças com Irma Vep na mistura de referências, a trama básica é de espionagem industrial, mas há no meio disso uma investigação sobre o feminino, hentais, sites proibidos (de torturas), etcs. Uma revelação é Connie Nielsen protagonizando o filme (falando em francês e inglês). Connie já tinha chamado atenção em Advogado Do Diabo, depois Missão Marte, Gladiador e Retratos De Uma Obsessão, mas é com Assayas que ela se revela por completo. A câmera se apaixona pela Connie, tomadas longas em close dela dizem muito e torna a personagem extremamente complexa (quem sabe não é esse o grande papel de sua carreira?). O público comum pode ficar perdido na metade inicial do filme porque os motivos de várias coisas vão sendo explicados aos poucos (e nem tudo chega a ser explicado). O final tem um clima David Lynch e pode causar críticas por tornar a coisa um pouco "surpresa final" de algo como Twilight Zone, por exemplo, mas para quem não liga não afeta o trabalho como um todo. Chloe Sevigny e Gina Gershon participam do filme. Uma cena entre Connie e Gina é ótima pela violência.

A trilha foi composta pelo Sonic Youth, é ótima.


posted by RENATO DOHO 11:34 PM
. . .
Comments:


. . .