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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

segunda-feira, dezembro 01, 2003
Dirigindo No Escuro (Hollywood Ending)

Comédia regular de Woody Allen, mas bem mais engraçada que seus últimos filmes (Escorpião De Jade, Trapaceiros, Celebridades...). O problema aqui é a escassez de boas idéias e um timing cômico melhor. Várias piadas ou são recicladas ou são sem graça. Ao menos o filme é auto-irônico com a figura do diretor e dos próprios filmes de Allen (a piada com os franceses por exemplo). Um dos destaques é a boa presença de
Téa Leoni que quase salva o filme e seria um personagem feminino alleniano perfeito caso Woody estivesse mais inspirado. Ela incorpora perfeitamente uma Diane Keaton que passou muito tempo na Califórnia, isto é, vemos resquícios de sua persona mais intelectual, neurótica e decidida misturada com o jeito mais relaxado e superficial da costa oeste. São dela as melhores cenas de atuação. Espero que ela consiga mais e melhores papéis depois dessa projeção (ela já era a melhor coisa do sentimental Um Homem De Família).

American Pie - O Casamento (American Wedding)

A terceira parte já mostra esgotamento total de idéias, partindo para a coisa formal de um casamento. Mesmo assim há momentos engraçados (a dança na boite gay é o melhor momento) e outros nem tanto assim que parecem forçados e, pior, feitos com pressa, pouco pensados. A falta de parte do elenco também se sente e não há explicação para o sumiço deles (as garotas dos outros filmes sumiram!). Quase tudo fica por conta do amigo retardado, Stifler. A cena da merda não deixa de ser a marca registrada da série (só lembrar da porra no primeiro e do beijo entre os amigos no segundo). Acho que ao menos não vai ter mais continuações da coisa.

O Culpado (The Guilty)

Dirigido por Anthony Waller este suspense é uma tentativa um pouco fracassada do diretor se recuperar do fiasco de seu filme anterior, Um Lobisomem Americano Em Paris. Ele que vinha de uma boa estréia, Testemunha Muda, não provou ser capaz de ficar à altura das expectativas recebidas. Um dos problemas deste filme é a trama por demais batida: advogado estupra uma secretária e logo após a despede, ela sem alternativas vê seu algoz virando juiz federal e ameaça contar tudo as autoridades se ele não renunciar, aí ele arma um plano. Fora isso há o caso de um filho bastardo deste advogado que quer encontrar o pai. Aí começam as coincidências... A condução do suspense é boa, mas tudo fica comum ainda mais pelo final conciliador demais, quando se previa algo ao menos diferenciado (revertido na cena final). Uma cena em particular é constrangedora por ser uma espécie de homenagem mal feita à Veludo Azul, com o vilão torturando uma vítima ao som de Crying de Roy Orbison (era essa a canção que Lynch usaria antes de conhecer a In Dreams), só não é plágio porque a situação é um pouco diferente, mas a referência é óbvia. De consolo duas belas atrizes no elenco: Gabrielle Anwar e Angela Featherstone. Pelo visto Waller foi só fogo de palha.

Deuses E Generais (Gods And Generals)

Épico sobre a guerra civil americana realizada por Ronald F. Maxwell que está se tornando especialista nisso (fez antes Anjos Assassinos sobre Gettysburg). Aqui os eventos relatados são anteriores à Gettysburg e o projeto é de uma trilogia com um futuro terceiro filme falando dos eventos pós-Gettysburg. Para interessados (como eu) é um ótimo filme, para os leigos o filme não deixa de ser envolvente mesmo com seus 231 minutos de duração (há tantas coisas acontecendo que a narrativa não fica monótona). É um lado pouco visto do conflito, com Virgínia como palco principal, onde os confederados não estão ali defendendo a escravidão, mas sim seu estado; assim o tradicional embate entre norte e sul não fica maniqueísta, não é os contra versus os à favor da escravidão, ao menos não no que aconteceu em Virgínia, há vários motivos em cada lado, em cada soldado.

O filme centra na sua segunda parte na vida do general Stonewall Jackson, uma figura histórica importante para os EUA que eu desconhecia. É um personagem fascinante pela liderança no combate, na forte religiosidade e na ternura como pessoa. Stephen Lang faz uma ótima interpretação como Jackson, e tem momentos marcantes de emoção em várias partes do filme, é de longe o personagem mais rico do filme (e o ator que antes pouco lembrava agora tem minha atenção). Robert Duvall faz um bom general Lee (que em Gettysburg era feito por Martin Sheen) e completam o elenco Jeff Daniels (fazendo o mesmo papel que fez em Gettysburg onde teve maior destaque), Mira Sorvino e C. Thomas Howell. Além, é claro, de milhares de figurantes em reconstruções históricas de cidades e batalhas extremamente bem feitas.

É o típico filme que necessita ser uma grande produção, para dar maior realismo e grandeza no retrato de uma era. No dvd 2 documentários sobre as filmagens e fatos históricos e 1 sobre Stonewall Jackson. Há também uma pequena introdução feita pelo Ted Turner, o responsável pela realização destes filmes históricos (há outras de suas produções também baseadas em fatos históricos). Enfim, um grande filme que é mais valorizado ainda conforme o grau de interesse sobre o assunto em particular.

Fica faltando alguma distribuidora lançar Anjos Assassinos em dvd, já que só se encontra ainda em vhs duplo. É um excelente filme. Fico esperando o terceiro filme.

posted by RENATO DOHO 10:00 PM
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