RD - B Side
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sábado, junho 05, 2004
Sopranos

Somente agora pude ver a primeira temporada desta famosa série. Por não ter HBO não pude acompanhar e perdi as muitas vezes que passou no SBT (mas já tinha visto alguns episódios da terceira temporada em que Annabella Sciorra participou). Vendo a temporada inteira (apenas 13 episódios de uma hora cada) deu pra ter uma noção geral do fenômeno que a série criou.

Ao focalizar a vida de uma família mafiosa de Nova Jersey seja nos negócios ilegais quanto na vida familiar a série se diferenciou ao botar o protagonista, Tony Soprano, tendo uma crise de meia idade e indo se tratar com uma psiquiatra. A própria série então se bota em auto reflexão, consciente do que é (os personagens sempre citam filmes sobre mafiosos) e mostrando aspectos outros do que tradicionalmente é mostrado nesse gênero.

O ritmo da série é lento. É necessário uma vontade do espectador em primeiro conhecer os personagens e depois querer saber como se desenvolverão, pois não haverá ganchos que o faça querer ver o próximo episódio. Cada um é quase independente do outro, apenas nos 4 últimos da temporada que uma trama vai se desenrolando, provocando curiosidade do que vem pela frente.

Por ser da HBO há outras características que diferenciam das outras séries: não há uma censura, por isso palavrões e cenas mais fortes podem aparecer (violência e sexo); não há comerciais por isso não temos a estrutura de pequenos ganchos para manter a atenção do espectador entre intervalos, a narrativa flui do começo ao fim.

A família retratada (tanto a mafiosa quanto a pessoal) não é glamourosa, é um pouco acima do que seria uma classe média alta e os negócios ilegais não são volumosos, mas são pequenas contravenções, produtos roubados, sindicatos, jogo, etcs são mafiosos pé de chinelo se comparados aos de Nova York, não estão com os carros mais chiques e nem frequentam as festas mais badaladas.

As tramas procuram balancear o que acontece no consultório da psiquiatra com os problemas familiares de Tony e as negociatas mafiosas. Um assunto interferindo no outro. Se há previsibilidade em como certas histórias caminharão (como exemplo o do treinador de futebol das filhas do pessoal ou a entrada no mundo musical de um dos personagens) sempre há um diferencial nas resoluções.

O elenco é muito bem escolhido com pessoas, na época, pouco conhecidas. James Gandolfini é o destaque, díficil depois da série não o confundí-lo com o personagem. Temos ainda a volta de Lorraine Bracco (que há tempos era para mim uma mulher madura muito atraente e continua assim). Edie Falco, uma revelação e que fui admirá-la ao vê-la em Terra Do Sol de John Sayles. Steve Van Zandt em sua estréia como ator, mais conhecido como o guitarrista da E Street Band do Bruce Springsteen. Drea de Matteo que foi conquistando espaço como a namorada de Michael Imperioli. Fora os capangas, o tio Junior e a mãe de Tony.

A série bateu recordes de premiações na primeira temporada que se extendeu para as temporadas seguintes, chegando ao ponto de muitos nem se entusiasmarem ao serem indicados em anos que Sopranos concorria pois a série ganhava todas.

Atualmente a quinta temporada acabou. Houve uma pausa de um ano entre a quarta e quinta devido à problemas salariais. Não sei se haverá uma sexta temporada.

Alguns diretores das temporadas seguintes: Lee Tamahori, Mike Figgis, Rodrigo Garcia, Steve Buscemi e Peter Bogdanovich.

As escolhas musicais são boas, e como são poucas há uma importância cada vez que uma aparece. Uma canção do Bon Jovi aparece num episódio, tendo até referência na fala para valorizar as "coisas da terra", o que não deixa de ser verdade, já que é uma banda de italo-americanos de Nova Jersey. No último episódio toca State Trooper de Bruce Springsteen. A famosa máfia musical de Nova Jersey existe hehehe Jon Bon Jovi tentou aparecer na série já que é uma de suas favoritas (é a favorita de quase todo morador de Nova Jersey), mas David Chase (o criador) não quis por Jon ser muito famoso, ainda mais em NJ, e só poderia aparecer como ele mesmo e não um personagem.

Na caixa de dvds da primeira temporada há extras como pequenos making ofs e uma boa entrevista de David Chase com Peter Bogdanovich (que entra na série como ator nas temporadas seguintes) de uns 77 minutos. Uma conversa muito legal entre os dois, com a já conhecida competência de Bogdanovich em entrevistas (sempre citando suas conversas com John Ford, Orson Welles e Howard Hawks).

Agora é esperar pelas caixas das temporadas seguintes...


posted by RENATO DOHO 12:01 PM
. . .
Comments:


. . .