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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quinta-feira, julho 15, 2004
Homem Aranha 2 (Spiderman 2)

Melhor que o primeiro, mas isso não chega a ser grande coisa já que qualquer pequena melhoria iria resultar nisso. Há coisas positivas e negativas que resultam num todo bom, mas insuficiente. De positivo há o aumento das cenas de ação. De negativo os efeitos do Aranha em particular continuam falsos, mais parecendo um video game de segunda categoria e não há uma grande criatividade no desenvolvimento da ação, fora a duração longa demais. A trama, com seus questionamentos e dramas, não ajuda e nem atrapalha, mas foi capaz de provocar momentos constrangedores como o "discurso" de tia May sobre o papel do herói, a conversa final de Peter com dr. Octopus, as conversas de Peter e Mary Jane... E o paralelo entre a perda de poderes dele com a falta de sexo? É cômico. Outra coisa irritante é o excesso de revelação de identidade do Aranha. Bom, todo mundo parece saber quem é ele ao final! Nas primeiras revelações, tudo bem, mas quando a quarta ou quinta pessoa descobre a identidade secreta aí começou a ficar ridículo. A questão da desistência do papel de herói vem de uma das histórias em quadrinhos com vários pontos em comum (não sei se recebe crédito) incluindo, se não me engano, o uniforme jogado no lixo, J.J. Jameson conseguindo o uniforme, etcs. Há um belo momento em que temos um pouquinho do antigo espírito de Sam Raimi que é a ressurreição do dr. Octopus no hospital (incluindo a aparição de uma moto serra), pena que fique apenas lá (e dois ou três takes durante o filme)...

O momento comédia (in) voluntária é a fala final de M.J. onde a platéia se acabou na risada. Esse final heróico até que fica bem, mesmo em filmes que não tenham apresentado isso durante toda projeção. Um dos Batmans ruins (Eternamente ou Robin) termina muito bem, com ele e Robin atendendo o chamado do batsinal com música grandiosa ao final. Até parecia que tínhamos acabado de ver um belo filme...

A cena do metrô, com todos os passageiros segurando o personagem é boa, bem no espírito do Aranha ser um herói do povo novaiorquino, mas exagerar na dose ao botar todos o defendendo diante de Octopus quase estraga o clima. Engraçado que não passa em nenhum instante que são novaiorquinos, na sua diversidade étnica e social, pareciam mais figurantes.

Pensando depois no personagem lembrei que nunca o achei grande coisa mesmo. As preocupações com a tia May eram irritantes (porque ela não morria simplesmente?), as dificuldades do dia-a-dia (como estudante, trabalhador) pareciam novelinhas, os momentos de ação era recheadas de piadas (acho que veio do personagem aquele recurso besta de personagens soltarem piadas à todo momento durante momentos de ação), os vilões eram fantasiosos demais, e por ai vai. Só fui reconsiderar o personagem quando Todd McFarlane assumiu nos traços. Eis que ele acha o ponto chave da coisa: o visual. É um personagem que tinha que ousar no visual, no contorcionismo e nos ângulos inusitados (a perspectiva tem que ser totalmente outra de uma pessoa que pode andar pelas paredes e se pendurar por aí com uma teia) o que Todd conseguiu (ele foi criticado pelas histórias fracas, mas isso era o que menos contava). Aranha era para ser um personagem do ácido (as cores vibrantes, as piruetas visuais) ao invés de outros heróis mais chegados em outras drogas como a maconha (Surfista Prateado), a cocaína (Hulk), a heroína (Demolidor), o speed (Speed Racer?)...

O que diferencia este filme de uma série como Smallville que também trata dos conflitos pessoais enquanto há a necessidade da presença do herói? As cenas de ação mais grandiosas. Justamente era nisso que o filme deveria concentrar esforços, mas parece que há uma atenção demasiada no roteiro, na mensagem do filme... Ora, uma série televisiva (que eu nem acompanho) consegue ter roteiros no mesmo nível toda semana!

Mas ao final o filme é uma boa diversão, onde o público sai alegre (e tirando sarro de Peter Parker que definitivamente é quase uma lady hehe).


posted by RENATO DOHO 6:25 AM
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