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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quinta-feira, julho 01, 2004
Messias Do Mal (Savage Messiah)



Parece um telefilme, sem desmerecer o filme com isso, mas não é (e tem algumas cenas que poderiam ser fortes para algo televisivo). Produção canadense baseada em fatos reais sobre um culto muito similar ao de Charles Manson e outros da mesma estirpe (misturando religião com comunidades alternativas). O "messias" tem desempenho muito bom de Luc Picard. Além dele destaque para Isabelle Blais como uma de suas seguidoras e uma envelhecida Polly Walker como a assistente social que vai denunciá-lo. A interpretação dos três é ótima. Há um fascínio nestes casos de cultos, em como um líder carismático consegue criar uma comunidade inteira sob seu domínio, tendo várias mulheres e filhos. As forças de dominação e sedução sempre são as mesmas: sexo, medo, uso de algum tipo de droga (seja álcool, narcótico, etcs), proteção, religião, violência, música... que cobrem todas as variantes (física, mental, social) e fazendo com que uma equilibre a outra, assim não é algo opressivo o tempo todo se há a alegria das orgias e festas. Há um fato no filme que tem muita chance de ser inventado para criar dramaticidade, que é o passado da assistente social, mas é muito bem colocado pois foca um outro lado da questão: a violência contra a mulher e/ou uma relação violenta que a mulher não consegue sair. O que gira em torno desta situação (lembro do excelente filme Denial de Erin Dignam que trata do assunto) é o jogo sádico do dominador que manipula os sentimentos da subjulgada alternando violência com extremo carinho (não sei em que estágio os estudos comportamentais se encontram, mas pode ser um distúrbio do próprio dominador que ama e odeia algo e não tem controle sobre isso ao invés de algo extremamente racional). Fica a curiosidade de se saber mais do caso (no fim há alguns dados do que aconteceu) e principalmente o que acontecerá com as crianças da comunidade que vivenciaram e sofreram muitos abusos mentais, sexuais e físicos. Outro ponto fascinante é as que continuam ao lado do "messias" ainda hoje, como isso se processa? Por quê? Charles Manson ainda tem seguidores, não?

Sacco & Vanzetti (Idem)

Famoso filme político italiano, proibido aqui no Brasil na época da ditadura. Desconhecia a história dos dois, por exemplo nem sabia que se passava nos EUA. São dois anarquistas imigrantes italianos acusados de assalto e homicídio e condenados mesmo com poucas provas. Cria-se uma comoção geral do público que se manifesta à favor dos condenados (tanto nos EUA quanto no estrangeiro) por acharem que estão sendo condenados por suas posições políticas. Gian Maria Volonté e Riccardo Cucciolla estão bem, mas a direção é apenas correta. Destaque para a canção composta por Ennio Morricone, letrada e cantada por Joan Baez. O caso real ainda parece obscuro, com algumas provas posteriores inocentando um, mas acusando o outro, então fica a questão que se não fosse o aspecto político talvez os dois não teriam sido símbolos da injustiça. A cena com o governador coloca isso, a justiça e a política se misturaram tanto que nenhum dos lados poderia sair dali impunemente.

Uma Noite Na Ópera (A Night At The Opera)

Este filme dos irmãos Marx marca a estréia deles sob produção da MGM de Irving Thalberg. Ainda acho que a comédia que deles é mais de teatro que de cinema, seja pelos diálogos ótimos de Grouchos quanto pelas palhaçadas de Chico e Harpo. São mais sketches bons de humor amarrados numa história capenga. Aqui e ali há momentos antológicos (a cabine, Chico e Harpo tocando, as trocas de camas) que na verdade não interferem em nada no todo, mas no geral é apenas regular, com aqueles números musicais tradicionais que dão sono. Os excessos de um ou outro irmão também irritam, quando já pegamos a piada, mas ela é repetida muitas vezes (Jerry Lewis e outros comediantes usaram e usam isso, alguns com melhor sorte que outros quando faziam da repetição escada para outra piada). Há um extra com várias personalidades falando do filme e o que mais chama atenção é como deve ter sido fascinante a história de Thalberg (merecia um filme atualmente), considerado um gênio.


posted by RENATO DOHO 2:01 AM
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