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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, julho 06, 2004
Peter Pan (Idem)

P.J. Hogan tem se mostrado um ótimo diretor que consegue mostrar emoções à flor da pele de forma desavergonhada em filmes como O Casamento De Muriel, O Casamento Do Meu Melhor Amigo e Amor À Toda Prova. Aqui ele está em sua produção mais ambiciosa e luxuosa. O roteiro segue muito de perto a clássica história do garoto que não queria crescer e é um conto tão rico que há muitos significados imbutidos que o filme explora bem (e mesmo os que não são tocados ao menos são sinalizados). A opção de colocar o mesmo ator para o pai das crianças e para o Capitão Gancho foi brilhante para acrescentar mais significados. O garoto que faz Peter Pan combina bem o lado convencido e pueril do personagem. A Wendy foi muito bem escolhida (seu primeiro trabalho e com 13 anos) por misturar beleza, graciosidade e ser destemida. A Sininho foi toque de mestre dar para Ludivine Sagnier fazer, ela só com gestos e caretas é um espetáculo à parte (e nos extras descobrimos que os técnicos queriam que a personagem fosse interamente em cgi, Hogan que quis Sagnier por ter ficado encantado com ela, aliás, quem não fica?).

Não vou tocar nos temas, mas há muito o que se tirar do filme. Amadurecimento, relação pais e filhos, sexualidade infantil, projeções de família (Peter vira o pai, Wendy a mãe; Capitão Gancho é o pai de todos), solidão, poder da crença, possessividade infantil, egoísmo, ciúmes, imaginação, etcs. Teve até quem insinuasse que o pó mágico da Sininho que fazia as pessoas voarem era cocaína hehehe Em breve sairá um filme sobre J.M. Barrie e sua criação do personagem (Johnny Depp no papel principal).

O visual e fotografia do filme são magníficos, extremamente imaginativos e fantasiosos (o filme que mais lembrei de visual semelhante foi Moulin Rouge).

Hogan não tem medo de ser emocional, como na seqüência "eu acredito em fadas" que é de chorar e em outras. E sua mão na condução dessas cenas é tão honesta que breguice, pieguice e manipulação não passam por nossas mentes. O final tem um certo ar de tristeza que é até esperado.

Pena que esteja em versão full (lá fora saiu em wide), mas há vários extras no dvd, pequenos e médios, mas com tanto senti falta de um making of geral, uma entrevista com o diretor (que aparece pouco nos extras) e outtakes. Vendo Hogan nas filmagens (morrendo de rir filmando a Sagnier) que percebemos como somente alguém tão ou mais criança que Peter Pan possa dirigir bem um filme sobre o tema / personagem. Não é à toa que não se faz filmes sobre Peter Pan (somente Steven Spielberg, outra criança, entrou no universo do personagem com Hook que é bem interessante ser visto após este filme).

Um dos diretores mais interessantes dos últimos tempos, P.J. Hogan fez uma pérola sobre o clássico personagem que crianças e adultos podem ver, curtir e extrair muita coisa.



posted by RENATO DOHO 2:19 PM
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