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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

segunda-feira, julho 26, 2004
Resumão

Só pra deixar registrado, pois não estou muito a fim de ficar escrevendo sobre.

Avalon (Idem)

Primeiro filme live action do Mamoru Oshii (Ghost In The Shell) que é bem interessante, uma sci-fi que gira em torno de um jogo passado num futuro próximo onde muitos levam a vida jogando o jogo, como trabalho. A trama é complexa, mas não tanto. O problema é que o filme é de um japonês feito na Polônia com atores de lá, na língua local, com roteiro traduzido. Quando saiu em dvd houve dublagem pro inglês em algumas versões que ora se baseavam no roteiro em japonês, e outros nas falas dos atores poloneses e na versão inglesa há um voice over explicando certas partes (como ocorreu em Blade Runner). Uma confusão só! Palavras importantes são acrescentas ou subtraídas, dependendo da versão. Vi a versão polonesa com legendas em inglês, e conferi os offs em inglês para ver o que foi acrescentado, mas mesmo assim tem muita coisa para ser investigada. Há um
site que explica as diferentes versões e o que implica cada uma, além de teorias sobre a trama. O trabalho de fotografia (e efeitos) é bom e diferente. Mais um trabalho instigante de Oshii que não é apenas um filme que poderia ser anime, é um filme que deveria ser um filme mesmo.

Meu Vizinho É Mafioso 2 (The Whole Ten Yards)

O primeiro filme já não era lá grande coisa, mas tinha momentos engraçados e Amanda Peet ficava sem camisa uma boa parte do final, agora essa continuação é uma sucessão de erros impressionante! Piadas sem graças, atores mal dirigidos, trama banal, criação de situações constrangedoras, caracterização ruim... Nada salva! Matthew Perry tenta, mas não consegue. Bruce Willis está no automático. Amanda Peet, coitada, nem nua aparece. O vilão feito por Kevin Pollak parece saído de Cassino e está péssimo. Natasha Henstridge nem se nota... Quem quiser ver que se arrique!

Tokyo Godfathers (Idem)

Ótimo anime de Satoshi Kon (tendo Satoshi no nome como não ser bom? hehe) com incrível senso de humor ao retomar a velha história de três adultos que encontram um bebê na véspera de natal (rendeu vários filmes e é baseado nos três reis magos). Aqui são 3 mendigos, uma garota, um gay e senhor de meia idade. A relação dos três é ótima e o encontro com o bebê vai ajudar a resolver as complicadas relações familiares de todos, além dos três constituírem uma das famílias mais inusitadas e criativas vistas recentemente. A dramaticidade nipônica se funde ao humor trapalhão tendo até ação no meio. Um belo conto de fadas natalino com ressonâncias no cotidiano real japonês (mendicância, jovens baderneiros, homossexualismo, desestruturação familiar por jogo e bebida, etcs).

Linha Do Tempo (Timeline)

Boa diversão realizada por Richard Donner numa história meio absurda que lembra a trama da famosa série de livros Operação Cavalo De Tróia, só que aqui os viajantes do tempo acabam parando na guerra entre França e Inglaterra no século 14. É muito rápida a assimilação da viagem no tempo, em poucos minutos os personagens ficam sabendo da máquina e logo estão lá no passado, coisa que levaria um filme inteiro em outros casos. Mas, aqui a intenção é diversão e Donner consegue imprimir um bom ritmo na aventura. Creio que o livro de Michael Crichton só serviu de espinha dorsal para o projeto, já que é provável que o livro se detenha na ciência da viagem do tempo além do aspecto histórico da época e local onde ocorre a aventura. No dvd extras sobre a realização do filme, enfatizando a criação do mundo do século 14 para o filme. Mais uma vez Paul Walker se mostra o mais não carismático ator principal de Hollywood nos últimos tempos e nem é porque seja ruim (não é) mas ele passa em brancas nuvens em qualquer coisa que faça, incrível (é um talento isso, se visto ironicamente).

Possuída 2 - Força Incontrolável (Ginger Snaps 2 - Unleashead)

Continuação que não é tão boa quanto o primeiro, mas não é ruim. Uma coisa ruim é que se perde um pouco daquilo que no primeiro era uma qualidade: o subtexto da amadurecimento de uma garota, a menstruação, a libído... Aqui o subtexto seria mais o vício em drogas já que a protagonista precisa injetar um líquido para não liberar seu lado selvagem, mas acaba numa instituição de recuperação de drogados. As duas atrizes do primeiro voltam, mas a que fazia Ginger agora só aparece de vez em quando, a atenção é em Brigitte. O começo parece um trailer, mas depois normaliza. Há boas cenas, mas também não chegam a serem memoráveis e não há uma exploração maior de violência e sexualidade que o filme abre portas. Já há a terceira parte (os filmes foram realizados ao mesmo tempo) onde as irmãs estão vivendo séculos atrás, um prequel.

O Mistério De Picasso (Le Mystére Picasso)

Clouzot fez junto com o amigo Picasso a filmagem do pintor realizando vários quadros com uma técnica onde a câmera filmava a parte detrás da tela, Então o que vemos são quadros brancos sendo preenchidos brilhantemente por Picasso com uma música de fundo. E é isso. Há poucas intervenções, uma delas meio forçada, do tipo corrida contra o tempo. Achei que deveria ter havido a inversão de imagens, para que víssemos como Picasso via a tela e desenhava, mas parece que vemos é o inverso do que ele pinta; claro que em nenhum momento isso parece prejudicar a apreciação das obras, mas seria o correto. O processo de Picasso é interessantíssimo, ainda mais quando vemos ele ir criando um quadro por camadas, modificando completamente o que tinha iniciado; ou vendo sua desconstrução a partir de bases convencionais (quando eu achava que já partia de algo mais abstrato). Todas as obras filmadas foram destruídas após o término do projeto. No dvd um curta de Alain Resnais sobre Guernica e um texto de Truffaut sobre o filme.

Coincidência ou não recentemente adquiri três dvds duplos: Wyatt Earp, O Leopardo e Era Uma Vez No Oeste.

Termino de ler o curto e ótimo Cartas A Um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke.

posted by RENATO DOHO 4:10 PM
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