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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quinta-feira, janeiro 13, 2005
O Grito (The Grudge)

Remake de filme japonês realizado pelo mesmo diretor. Como não vi o original me atenho ao que vi. Lembra muito O Chamado, até nos "monstros". O clima também, da cidade e das pessoas. É um filme mais de sustos que de medo. O mais curioso foi a sessão onde fui, lotada, que gritou do começo ao fim em qualquer cena de susto ou suspense. Eu me assustava mais com os gritos da platéia do que com o que via nas telas. Nesse quesito o filme é bem sucedido, assustou todos o tempo inteiro; as risadas, o barulho, as conversas que atrapalhavam no início diminuíram muito para aumentar os gritos de medo. Bom que o cenário continuou no Japão. Por outro lado faz com que o público ocidental ache que Japão é um lugar assustador e as mulheres e crianças de lá são apavorantes hehehe Aliás o terror é expert em criar medos sociais. Não fosse pelo gênero minha visão de cidadezinhas do interior americano seria outra, e também de vilas européias, países diferentes e desconhecidos em geral (vizinhos, caronistas, novos amores, até familiares). Gosto dos terrores desmistificadores mais do que os afirmadores, que criam lendas e medos, pois acho que o poder deles é tanto quanto de filmes de ação que botam estrangeiros como vilões (por exemplo). Isso fica no inconsciente do público, o que aumenta o preconceito em diversas áreas (imagino até as brincadeiras que uma mestiça japonesa de longos cabelos pode sofrer se passar perto de uma sala que acabou de exibir o filme hehehe). Sarah Michelle Gellar tem uma trajetória curiosa, ela não tem beleza padrão (ela pode até parecer feia dependendo do ângulo por causa do queixo retraído e nariz torto), mas tem carisma e fica bonita em certos momentos (mais quando alegre do que quando séria), e seu papel como Buffy marcou como aquela garota que kick some asses! Por isso ela com medo no filme até não combina, fica-se esperando a hora que ela vai ou dar uma porrada nos monstros ou tirar sarro deles (como em Buffy). Uma dúvida meio SPOILER: não seria o marido que deveria ser o espírito que mata? Por que o filho e a mãe que foram vítimas que são maus como almas do além? Se formos mortos violentamente vamos aterrorizar inocentes depois? Que merda, vou matar então hehe A história é meio "nas coxas", mas há bons momentos (alguns copiados de outros filmes) e o público aprovou por tantos sustos tomados. Ao menos a sessão foi memorável.

O Prisioneiro Da Grade De Ferro

Primeiro longa de Paulo Sacramento, já famoso pelos curtas e o trabalho de montador. A criatividade do projeto, além do vigor compensam problemas que nem são necessariamente do filme, mas do tema. O que nós, público comum, já não sabemos sobre o Carandiru? Pouca coisa. Eu sendo leigo no assunto devo ter achado um ou dos pontos inéditos, algo que não tinha visto sendo explorado antes. A opção de entregar a câmera na mão dos prisioneiros é bem interessante, mas o que falta e acho que não daria mesmo para registrar é o tal inferno que todos pregoam. Vemos muito o lazer deles e a rotina oficial, que contrasta com o que todos falam ser a porta do inferno. Um momento marca a virada do documentário, onde se mostra aspectos mais negativos da prisão, que é quando se mostram as fotos dos mortos. Depois veremos o tráfico de drogas, as armas improvisadas e a superlotação. Nada que mostre um cotidiano insuportável de medo e violência no ar (que existe na maioria dos presídios). A tentativa de humanizar os presos lembra o que o filme Carandiru tentou fazer e achei um de seus pontos fracos. Basicamente parece que só há gente boa lá! Presos 'criativos' em artes plásticas ou músicas que só parecem reforçar que há muito tempo livre lá. Por essa perspectiva a solução seria soltar todos. Outro problema nem é do filme, mas é vermos como é atrasado o sistema carcerário nacional, tudo é amador, inoperante, abandonado... Só quando Drauzio Varella aparece dá a impressão que pode haver uma esperança. O trabalho é mínimo, o que deveria ser o contrário, ser rígido e de longas jornadas, não um trabalho escravo, mas também não um trabalho como de simples operários, algo além para o pagamento da dívida social diante do crime e a possibilidade de uma função após a libertação (além da tentativa do presídio ser auto-sustentável). Longas jornadas para simplesmente cansar as pessoas para evitar quaisquer problemas no cotidiano e não deixar espaço para criação de organizações e negociatas criminosas que são comuns. A comida, por exemplo, em marmitas, são compradas? Não deveriam ser feitas lá mesmo e em refeitórios? Quem sabe até plantadas lá grande parte da alimentação. A questão da função da prisão ao menos é bem posta por um dos ex-diretores de lá, se existe alguma função ainda é algo para se debater (reabilitação? isso existe em alguma prisão do mundo ou é mais uma coisa individual?), mas a função de isolar o indivíduo da sociedade ao menos é (mal) feita. Muitos outros debates entram no tema como ver que apenas a classe pobre enche as prisões (como se as outras classes não cometessem crimes tão ou mais graves), muitos negros e mestiços, a questão da privatização ou não, a educação (aulas ministradas seriam realmente úteis? com que intenção?), regras e disciplinas, a modificação da sociedade fora da prisão para que haja redução dos indivíduos que vão para ela, etcs. Acho que a duração poderia ser menor, em algum ponto o filme repete o já dito e mostrado. Não deixa de ser um trabalho importante, com ótima fotografia e montagem, podendo ser utilizado principalmente em escolas.


posted by RENATO DOHO 1:08 AM
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