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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Brigada 49 (Ladder 49)

Um filme bem acima da média sobre bombeiros que tenta acima de tudo ser honesto com o trabalho da corporação. Não há grandes acontecimentos, mas a rotina de uma brigada, onde acompanhamos a trajetória do personagem de Joaquin Phoenix a partir do momento que entra para o grupo. O filme se desenvolve entre ele preso num incêndio e os flashbacks. Uma das qualidades do filme é que consegue transmitir muito bem a vida daqueles homens, tudo é feito de forma simples e convicente, seja as festas, o namoro que leva ao casamento, as conversas, os incêndios, as tristezas, as dificuldades do casamento, o sofrimento dos amigos, etcs. Nada parece falso ou colocado para algum propósito dramático da trama. O primeiro encontro amoroso, por exemplo, tem os diálogos mais normais possíveis, sem grandes sacadas, como algo comum e por isso até embaraçoso quando colocado nas telas. Quando há a morte de um amigo sentimos a perda deste personagem, pois foi bem construído, e não sentimos que foi algo gratuito. Aliás, os coadjuvantes são poucos e bem construídos, ao final a cada close não vemos ali os atores (facilmente reconhecíveis), mas bombeiros, com todo um passado. A escolha da atriz que faz a esposa (Jacinda Barrett) também recebe esse belo tratamento, ela é crível, bonita sem ser deslumbrante, e acreditamos no seu relacionamento e suas preocupações. John Travolta tem bons momentos e aparece como uma figura reconfortante em várias situações. A aparente banalidade das cenas é que dá força ao filme, o grupo se valoriza, cremos que são um time unido, quase uma família e não um bando de atores fingindo ser bombeiros. Os incêndios são bem filmados, aparentemente com pouco cgis. O filme não prega surpresas e emociona em certos pontos, inclusive em seu final (que quase me fez chorar) que é lentamente construído (mais uma vez sem forçar a barra, é algo esperado). Phoenix (de propósito ou não) está com o físico comum, até gordo para os padrões atuais, mas isso dá mais credibilidade na atuação de um simples bombeiro pai de família, com direito à barriga. Ainda bem que o filme não incluiu nenhuma traminha de suspense ou algo assim que desviasse a atenção do retrato que tenta fazer do trabalho dos bombeiros. Creio que os próprios bombeiros se sentirão bem satisfeitos e emocionados com o filme, sendo heróicos sem os mostrar como, mostrando as dificuldades inerentes ao trabalho (não vira uma propaganda, há pontos a se pensar para quem queira ser um). Na trilha boas canções de Robbie Robertson, David Gray e Tom Petty. Enfim, um filme digno e bem conduzido que pela sua simplicidade pode até ser encarado negativamente, como um filme qualquer, o que não é.


posted by RENATO DOHO 11:45 PM
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