RD - B Side
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sábado, fevereiro 19, 2005
O Justiceiro (The Punisher)

Não tem como não deixar de comentar que o personagem é o meu favorito de todos os tempos e qualquer adaptação dele pras telas não chegaria nem perto do que imagino ser um filme bem adaptado. Por outro lado eu tolero o pouco que se consegue, gosto da versão anterior que Mark Goldblatt fez com Dolph Lundgren, não é nada fiel, mas já vi várias vezes. Lundgren está bem com aquela cara acabada e as conversas dele com Deus são boas. Esta nova versão tem pontos positivos imersos em muitos negativos. O que há de positivo? Thomas Jane, quem diria, ficou bem como Frank Castle, ele tem potencial para ser mais explorado dramaticamente caso haja continuações. O diretor, Jonathan Hensleigh, quis filmar no estilo dos filmes da década de 70, sem cgis e movimentos de câmera rápidos ou montagem picotada demais. A todo momento (até no comentário em áudio) ele cita Don Siegel, Sergio Leone, Sam Peckinpah e John Frankenheimer como influências. Dá pra perceber que a ação do filme é diferente do que vemos nas produções atuais, mas também vemos como o baixo orçamento limitou o filme (no aúdio dá pra saber com detalhes que muita coisa foi cortada por causa do orçamento), onde poderia haver uma boa cena de ação com carros só pôde acontecer uma breve cena, por exemplo, fazendo com que o carro mostrado por um bom tempo sendo armado tenha sido usado minimamente. Fora todos os problemas orçamentários, um dos maiores é o roteiro que monta uma história ruim sobre a origem do personagem e constroi um vilão fraco. Várias outras situações são tiradas de uma história do Garth Ennis, mas isso também não ajuda em nada ao botar uma "família" como amigos de Castle. O que há de errado na origem? Bom, potencializa o aspecto de vingança que não existe na essência do personagem, matam sua familia e ele vai atrás de quem matou. O personagem nunca foi isso. O local onde isso ocorre é num paraíso tropical, quando o personagem sempre foi urbano. O vilão sem querer vira o criador do anti-herói, quando na verdade o personagem já existia desde sempre, mas só vai florescer após a morte da família (mortos por mafiosos sem querer no Central Park). É todo um processo que o filme corta e mostra algo muito diferente.

A violência do filme é algo que se nota de imediato, o filme é mais violento que a média, com algumas situações até bizarras (como um personagem nos trilhos de trem). A ação, um pouco por causa do orçamento, não é constante e a trama que se constroi é um pouco ridícula (a chantagem com um dos capangas, a intriga de ciúmes com o chefão) para o personagem.

O filme parece horrível desse jeito, mas não é, eis o mais estranho. Tem coisas bacanas que poderiam ser melhor trabalhadas, re-arranjadas numa outra história. Há ótimos momentos como a da canção no café e a luta com o russo.

Quem sabe se numa continuação esquecessem o primeiro e reinventassem as coisas? Ou então que a história contada não tivesse ressonâncias do primeiro. Só sei que Thomas Jane tem que continuar e a idéia do diretor de ter um estilo mais seco e sem efeitos é algo para se manter (mesmo que não seja o mesmo diretor na continuação). O personagem tem potencial para ser sombrio, os temas de (auto) punição, justiça, castigo, danação e muitos outros estão abertos para serem explorados. É um personagem frio, solitário, com um toque de loucura, extremamente competente, em nada simpático para o espectador. Quem sabe décadas no futuro eu venha com um Punisher Begins para apagar tudo feito antes hehe De teaser teria que ter Transition de Abigail Mead de fundo tocando.

Monster - Desejo Assassino (Monster)

Para quem não esperava muita coisa do filme (motivo pelo qual até hoje não tinha visto) achei acima da média no que se refere à filmes de serial killers. Primeiro que trata do caso real de uma serial, o que é algo raro na vida real. Segundo que Charlize Theron realmente convence e impressiona, não só por estar fisicamente diferente, enfeiada, mas por oferecer um belo trabalho de interpretação (coisa que eu não esperava do que ela já tinha mostrado em sua carreira até o momento). Ajuda também que Christina Ricci está bem e a diretora, Patty Jenkins, realizou um trabalho simples, violento (mas não exploratório) e humanizador da assassina. Pelo filme Aileen é vista mais como uma pessoa pressionada ao máximo que passa a matar do que uma serial killer, o que envolveria algo mais perverso e planejado. Não que ela não mate com crueldade, mas parece ser mais instinto de sobrevivência aliado à uma bizarra rotina que foi iniciada após um trauma. Como a verdadeira assassina foi vista mais como um monstro pela mídia, o filme parece querer ver o outro lado sem tentar inocentá-la do que cometeu, tentar entendê-la. Há momentos tensos e bem trabalhados como a da vítima samaritana e o telefonema final. A trilha sonora é bem peculiar e chama a atenção, tanto que até há um interessante extra no dvd sobre. No final o filme trata mais de um romance doloroso e vidas à margem da sociedade dita civilizada do que a história de uma serial killer (denominação que até merece mais estudo, seria ela uma serial mesmo?).


posted by RENATO DOHO 2:31 AM
. . .
Comments:


. . .