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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, março 09, 2005
O Amigo Oculto (Hide And Seek)

O fato que salva esse filme de ser mais um entre tantos tem um nome: Dakota Fanning. Essa garota tem um talento que poucas vezes vi seja em crianças ou adultos! Em 2000 que fui conhecê-la quando participou de três seriados que via: Ally McBeal, O Desafio e CSI. Às vezes você nota um ator ou atriz que chama atenção pela performance num seriado ou filme menos conhecido, mas depois de um tempo você esquece pois não ouve mais falar. Dakota, ao contrário, foi cada vez mais chamando atenção, começando com Uma Lição De Amor onde quase roubava as cenas de Sean Penn e Michelle Pfeiffer (sendo o marido de Michelle, David E. Kelley, o produtor de Ally e Desafio não é improvável que ele e a esposa indicaram Dakota para este filme). Os filmes seguintes só foram mostrando a versatilidade da garota, seja sendo bem criança e alegre ou dramática. Não há quem não trabalhe com ela e fique admirado (ou apaixonado mesmo, pelos relatos, seja homem ou mulher). Até o diretor de Grande Menina, Pequena Mulher disse que conversar com ela é como conversar com um adulto!

Neste suspense (o primeiro desse gênero onde ela é a principal) ela mostrou muito bem um outro lado, além de séria soube mostrar alguém traumatizada e depressiva (e até ameaçadora). A mudança da cor de seus cabelos ajudou na composição. Sua atuação através de gestos e olhares é de atriz profissional, sabendo muito da intenção da cena e sua fala é madura (sua narração da minissérie Taken é exemplar). Não sei se ela conseguirá passar da fase criança para adulta como atriz, mas já fez papéis que muitas veteranas não conseguem desenvolver numa carreira inteira.

A trama já era toda explícita no trailer, só avisados entraram no filme em sua maioria. A narrativa é feita para que desde o início achemos que ela esteja com dupla personalidade e só fôssemos saber dessa obviedade no final. A alternativa seria que o seu amigo imaginário fosse real, mas quem? Se fosse alguém de fora da trama até o momento soaria uma apelação, mas se fosse de dentro teria que ao menos ter algum sentido e isso o filme faz com aqueles rápidos flashs que De Niro tem à noite. Há algo errado ali. Eu mesmo não percebi o que era evidente, algo que ele viu na festa, ele ser o traumatizado, a mancha na mão, etcs. Claro que racionalmente é sem sentido (algumas atitudes de Charlie são do pai e do pai são de Charlie), mas no momento da projeção convence. O filme não tenta ser algo além disso, o que é uma pena. Caso se pense em traumas em crianças, bom, o filme nunca propôs isso e nem consegue explorar isso direito.

A direção não consegue elaborar nada mais que o trivial, as cenas de tensão com música (ou sem), a câmera no ombro da pessoa, as revelações de surpresa atrás de portas e cortinas... Tudo quase banal. De Niro está no piloto automático, extrapolando um pouco no final. As coadjuvantes não servem para muita coisa, a de Elizabeth Shue, coitada, é inútil. Falando nela só queria ressaltar em como ela anda estranha ultimamente, algo nos seus olhos que parecem envelhecidos, seu olhar parece de maluca (e isso não é só neste filme, em outros recentes também, mesmo sem ser algo do personagem). O que será que ela fez? Os olhos nas mulheres são a primeira coisa notável do envelhecimento, perdem o brilho e olhar fica mais seco, ressentido, mas em Shue suspeito de algo mais, mas ainda não sei o que é. Estranho que em fotos do cotidiano o olhar dela não é tão evidente assim, seriam os maquiadores de set os culpados? Bom, sei lá, só sei que ela parece velha, mesmo que seu corpo continue atraente.

Um ponto que não sei se é proposital do filme: todos os homens adultos (com exceção do pai) tem uma relação quase pedófila com Dakota; olhares esquisitos, elogios à sua beleza... e Dakota na cena com o vizinho claramente, pode-se dizer, "flerta" ou tenta atrair sua atenção ou carinho (ou desejo). Até Charlie nos relatos parece ter algo com ela (o encontro sendo numa gruta, ela largando sua boneca, não querendo mais a porta entreaberta como se tivesse amadurecido, ela vestindo as roupas da mãe e se maquiando). A paranóia do pai com relação à isso (ele vendo de longe adultos falando com ela e ele indo logo interferir) tem algo a acrescentar ao filme? Seria a relação mal resolvida com a esposa? Muy esquisito! O motivo disso não é claro para mim no momento.

O filme não vale muita coisa em si, mas o desempenho de Dakota é além filme e merece ser conferido.


posted by RENATO DOHO 11:50 PM
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