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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quinta-feira, abril 14, 2005
O Chamado 2 (The Ring Two)

Não era particularmente fã do primeiro e mesmo os Ringus nipônicos só considero bons (o primeiro melhor que o americano em certos aspectos). A vinda do diretor original para a continuação americana não deixa de ter aquele toque esquizofrênico de hollywood. Desagrada-me partes dessa continuação com destaque para o menino, não sei se mal escrito, mal interpretado, mal dirigido ou os três juntos. A história me fez lembrar (negativamente) de Os Esquecidos, com a tal relação mãe e filho. O ajudante masculino outra vez é inútil, vazio e insignificante. Não tem como não achar o começo uma paródia (mais Pânico do que qualquer outra coisa). A seqüência dos veados (veados?) é boa no início e mal feita digitalmente depois, tornando a cena engraçada. Fora todos os poréns (uma mistureba requentada de muitos filmes, até Poltergeist) outra coisa mais irritante é que nem o final é bem feito. Aquela tela preta seria perfeita para o fim do filme (no máximo a voz do garoto chamando Rachel, Rachel), tudo que vem depois estraga o potencial daquela seqüência.

Sob O Domínio Do Mal (The Manchurian Candidate)

Bom filme de Jonathan Demme atualizando o filme de 62 com Frank Sinatra. Lançado num momento oportuno politicamente o filme conseguiu um elenco notável e um roteiro muito bem escrito. Fora isso Demme consegue momentos muito bons que até independem de alguma história por detrás (o afogamento do senador e sua filha pode até ser desnecessária em sua duração, mas é incrível cinematograficamente na sua construção). A cena do banho entre Meryl Streep e Liev Schreiber é excelente na forma como foi filmada e atuada (além de perversamente sexy). A parte final (que não lembro do filme original) também é eletrizante pelos jogos de olhares entre os envolvidos. Uma refilmagem digna.

Galera Do Mal (Saved!)

Menos ácido do que eu esperava. Produção de Michael Stipe com elenco jovem de ponta (só gente boa). Achei que a parte religiosa seria mais forte, mas tudo fica no limite do humor. Não tem o que dizer de Jena Malone, ela é maravilhosa e pronto. Mandy Moore continua traçando uma carreira muito interessante. A filha de Susan Sarandon mostra que tem talento e o saudoso Culkin está bem. Pena Mary Louise Parker não ter mais espaço. E eu já falei da Jena Malone? hehehe

A Filha Do Presidente (First Daughter)

Estranho ver como os cineastas negros ficaram tão confortáveis no sistema. Depois de Spike Lee veio uma onda de filmes negros (na frente e atrás das câmeras) tocando em assuntos bem particulares (os guetos e gangues, por exemplo) ou mesmo pegando gêneros "brancos" e colocando apenas negros (comédias românticas, faroestes). Não fosse pelos créditos não dá pra acreditar que esse filme foi dirigido pelo Forest Whitaker. A história de uma filha de presidente (ambos brancos) entrando para a universidade é tão tradicional... Claro que há coadjuvantes negros, mas é algo tão comum hoje em dia que parece que toda garota ou mulher americana branca tem uma negra de colega de quarto (ou amiga íntima). É como os chefes de delegacias em todo filme americano: o ator é negro (ou mais recentemente, latino!). Bom, se fizessem mais policiais por aqui haveria de ter japoneses como delegados pela quantidade que aparece nos noticíarios (ao menos paulistas). Enfim, é um veículo para Katie Holmes, adorável como sempre. A trama é bem similar ao Curtindo A Liberdade com Mandy Moore, principalmente por uma surpresa na narrativa, mas o enfoque é diferente, e no filme de Whitaker as questões que envolvem a filha de um presidente são mais plausíveis (levemente baseado na trajetória da filha de Clinton na universidade). Notar numa cena um Forest rejuvenescido que na verdade é seu filho (até o olho esquisito herdou do pai). As transições de cena têm aqueles truquezinhos que podem até agradar.

Entreatos

Não foi exatamente o que esperava. Achei que o material rendeu pouco diante de tal fato histórico. Não sei se ficou na sala de montagem ou realmente o lado mais público que era o melhor (quando o documentário privilegia o contrário). Há cenas muito boas como no cabelereiro, algumas no avião, algumas gravações e a recepção da vitória, mas outras bem maçantes que pouco fazem para se situar num ambiente (nunca temos uma boa noção de onde se está, o foco é tão centrado no personagem principal que todo o resto fica apagado - o que não deixa de ser negativo, dando a impressão que o próprio personagem é auto-centrado demais). Como em Nelson Freire Salles não se importa muito com o som, deixando muita coisa pouco compreensível (compensada pelo uso da legenda em certos trechos) o que no caso de Lula é ruim, pois boa parte de sua figura vem da fala (das histórias que conta dele mesmo por exemplo) e não necessariamente de gestos (ainda mais no particular). A câmera às vezes é indecisa demais, no que enquadra e no que foca. A idéia do projeto já acho incompleta, só acompanhar um dos candidatos (diante das circunstâncias, fosse outra campanha o foco só em um não me incomodaria tanto). Não sei se alguém alheio à política nacional (um espectador de outro país vendo esse documentário sobre o candidato à presidência do Brasil) se manteria interessado durante toda a duração pois muita coisa conta com o entendimento implícito dos personagens, da situação e dos fatos discutidos. Dois momentos de meu maior interesse fora as falas de Lula: a gravação da campanha com a platéia e Ciro (comédia dos absurdos ter Duda ali como o orquestrador de tudo) e o grupo de pesquisa diante do debate ao vivo (pensava que aqui as coisas eram tão atrasadas que nem isso faziam). Uma das partes mais engraçadas: nosso vice presidente e sua rinite no avião. Extremamente curioso a parte da vitória, pouco entusiasmada pela equipe e principalmente pela família (fica parecendo que os filhos, nora e neto, nem se dão bem com Lula) enquanto que publicamente (no discurso na Paulista) a emoção que predominou (encenação?). Bem, coisa de político... O personagem Lula é muito interessante no que projeta e não no que é. Fiquei é com saudade de rever The War Room que mostra os dois articuladores da campanha de Clinton em 1992.

A Ilusão Viaja De Trem (La Ilusión Viaja En Tranvía)

Um bom filme da fase mexicana de Buñuel onde aqui e ali ele coloca no que seria uma simples comédia seus tão queridos temas. A viagem dos dois amigos no bonde à noite e de dia revela o gosto pela liberdade e também os acasos do cotidiano. Hilária a encenação da peça para o povo falando de Adão e Eva de forma mais subversiva. Outros preciosos momentos são os acougueiros entrando no bonde, as duas religiosas exploradoras com a estátua de Cristo, o caos diante dos contrabandistas de comida, e o burocrático ex-funcionário da companhia. A "aventura" da dupla me fez lembrar de Ken Kesey e os Festivos Gozadores que partiram pela América num ônibus 'psicodélico' o que seria extremamente interessante se Buñuel chegasse a fazer um filme em cima desse episódio.

Constantine (Idem)

Ou a propaganda anti-fumo mais bem produzida de todos tempos. Sim, porque depois de tudo eis a 'mensagem' que mais fica na mente. Conheço quase nada do personagem dos quadrinhos, a não ser o começo de Hábitos Perigosos na Vertigo 1, mas dá pra perceber que o do filme é bem mais suave em vários aspectos (não é um Bukowski das hqs). O filme mesmo tendo duas horas passa rápido e talvez até demais já que a luta final me surpreendeu pelo momento, quando percebi que era o final pensei, "mas já?". Gostaria até de uma história mais bem desenvolvida com esses personagens. A fotografia é extremamente interessante no início, com composições muito bem pensadas que não sei se continuam durante o filme. Keanu (e o filme por causa dele) continuam com resquícios de Matrix. Rachel Weisz tem um poder de imagem tremendo. Curiosidade que Keanu e Rachel trabalharam juntos 8 anos atrás em Reação Em Cadeia. A estréia de Francis Lawrence ao menos não é decepcionante.


posted by RENATO DOHO 1:30 AM
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