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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

segunda-feira, junho 13, 2005
A Inveja Mata (Envy)

Quem viu o trailer já sabe o que vai ver, mesmo que haja algumas coisas a mais diferentes, uma delas é a amizade realmente forte entre os personagens, algo positivo. Não chega a ser lá muito engraçado, mas também não é sem graça. É cômico ver Rachel Weisz como uma suburbana dona de casa. Jack Black com os exageros dele de sempre, Ben Stiller meio apagado (mas é do personagem) e um Barry Levinson que só no início parecia bem disposto (fazendo um belo paralelo da vida dos dois amigos), depois entra no piloto automático.

Crimes Em Wonderland (Wonderland)

O filme até que ficou acima das minhas expectativas. A narração prende a atenção mostrando vários pontos de vista (principalmente dois) e tanto a cãmera quanto a montagem são criativas, não forçando algo hype ou frenético sem necessidade, mas entrando no clima dos personagens (por isso as cenas truncadas ou algo mais agitado quando o pó é o combustível do momento). Val Kilmer meio que reprisa o seu Jim Morrison, mas achei interessante ele ser em boa parte da história um coadjuvante e um cagão, perdido entre duas forças (o bando e o empresário). É uma parte da história do John Holmes que não conhecia. Talvez fique prejudicado a relação entre ele e a jovem (o foco é o crime cometido), mas acho isso mais um bônus e não a razão de ser do filme. Gostei do Dylan McDermott e até queria que a história girasse em torno dele. No dvd há um longo vídeo real dos policiais entrando na casa ainda com as vítimas no local (um vídeo sinistro e forte para alguns), cenas cortadas, breves entrevistas e a possibilidade de ouvir o diretor comentando o filme (legendado). Em tempos que o filho do Pelé é preso não deixa de despertar atenção esse caso antigo onde um ex-astro pornô também entra nesse mundo ("in the end it's all about the money").

O Processo De Joana D'Arc (Procès De Jeanne D'Arc)

O rigor de Bresson fica bem evidente neste filme, onde temos quase que uma encenação do processo com falas tiradas dos textos originais, atores que não atuam e servem mais como objetos que falam (e por vezes se movem), nenhuma música (a não ser marcações poderosas no início e no final), cenários os mais minimalistas possíveis, curta duração e uma câmera sóbria, quase parada. Não me entusiasmou como o filme de Dreyer (que ainda acho a melhor versão de Joana D'Arc) pois prefiro uma transcendência que encontro em Dreyer e não nos outros (alguns são até acusadores a mostrando como mera louca) mesmo que sua Joana possa até parecer histérica (ou encaro mais como possuída o que vem de acordo com uma pessoa imbuída de uma missão). Mas mesmo apenas como cinema a versão do Dreyer é que me arrebatou. Os títulos já denunciam o enfoque (paixão vs. processo). Essa transcendência que vi em Dreyer encontro mais em Pickpocket do Bresson. Gosto da versão do Preminger também, mesmo que lá se perde o personagem histórico e cria-se uma personagem que cativa em seus diálogos internos. As transcrições do processo são bizarras, as perguntas são tendenciosas, as respostas são vagas e nunca se tenta um real confronto por nenhuma das partes (a acusação não instiga a achar o erro, a defesa dela não retruca incoerências ou apresenta exemplos ou motivos). É um filme de grande importância, só não caiu em minhas graças como esperaria que aconteceria.


posted by RENATO DOHO 1:57 AM
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