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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, agosto 03, 2005
A Ilha Do Adeus (Islands In The Stream)



Ótimo filme de Franklin J. Schaffner baseado em Ernest Hemingway. George C. Scott em elogiosa interpretação. Mesmo nunca tendo lido Hemingway dá pra perceber suas marcas e seus temas na história do artista isolado em Bahamas e a visita de seus filhos. Tanto a relação com os filhos quanto com as pessoas que ele foi se afeiçoando na ilha (um ótimo David Hemmings, por exemplo) são bem trabalhadas e rende momentos bem emocionais como a pescaria em alto mar. A masculinidade talvez seja o traço mais marcante no desenvolvimento dos personagens. Lembro que há tempos tinha lido Carlos Reichenbach elogiando o filme e Scott, ressaltando que ele conseguia interpretar até com a nuca, nunca entendi bem essa referência até ver o filme e realmente, ele interpreta com a nuca numa cena maravilhosa. Na parte final a realidade interfere de forma contundente.

Um Filme Falado

Manoel De Oliveira, do alto de seus quase 100 anos, consegue nos apresentar uma bela obra sobre a história e a civilização (nós). A viagem da mãe e filha parece no começo um telecurso segundo grau sobre a história dos locais por onde passam, a filha serve apenas para que as explicações não fiquem demasiadamente falsas, mas mesmo assim algumas falas (mesmo que didáticas) têm palavras difíceis que uma criança não compreenderia, poderiam ter sido simplificadas para soarem mais convincentes (afinal a filha não poderia ser utilizada apenas como objeto ou desculpa). A viagem segue um padrão (o plano do casco do navio no mar já soava engraçado na terceira vez que aparecia) de visitas e explicações (algumas muito interessantes) e só é quebrado na cena do jantar com as três mulheres e o comandante. Aí que o filme se define e se fortalece. As falas em diferentes línguas sendo naturalmente faladas e entendidas é uma bela idéia. Depois quando mãe e filha se juntam à mesa tudo se fecha e compreendemos toda a jornada até o momento e o que realmente o diretor discute. Similar ao A Ilha Do Adeus no final também temos a realidade invadindo (coisa que eu torcia para que acontecesse durante todo o filme) dando num final espetacular.


posted by RENATO DOHO 11:53 AM
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