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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

sexta-feira, janeiro 20, 2006
Il Mio Viaggio In Italia



Mais um excelente documentário realizado por Martin Scorsese. Desta vez mais pessoal do que o de cinema americano pois fala diretamente do que ele e sua família sentiram ao verem filmes italianos nas exibições televisivas e depois nos cinemas. É assim que ele vai introduzindo o cinema italiano, partindo da época pré neo realismo. Havia uma predileção pelos filmes passados na Sicília de onde seus pais vieram. Depois ele se aprofunda em alguns cineastas, pela ordem: Roberto Rossellini, Vittorio De Sica, Luchino Visconti, Federico Fellini e Michelangelo Antonioni. Em cada um dá um breve histórico e se detém em alguns filmes chave, deixando correr cenas inteiras, pontuando aqui e ali algo. Todas as escolhas são pessoais. Nos filmes escolhidos ele quase faz um resumo narrativo, servindo ao propósito original do projeto: resgatar à uma nova geração esses filmes, esse cinema italiano que tanto o ensinou e emocionou. Ele deixa claro que suas escolhas foram pelo que viu e não pelo que leu e é isso que gostaria que os jovens pudessem sentir nos dias de hoje, uma experiência quase em primeira mão, sem filtros teóricos (livros, críticas, revistas) ou acadêmicos, o que é muito difícil nos dias de hoje. Por isso ele exibe muitas cenas dos filmes com poucas interferências, como se dizendo que o filme e as cenas têm que falar por si mesmas. Tanto faz se a pessoa viu ou não os filmes, o único problema é que os não vistos se tornam quase vistos já que vemos os momentos mais importantes, inclusive os finais. Mesmo assim, no meu caso, por exemplo, Umberto D. e Viagem À Itália só ficaram ainda mais tentadores de serem vistos mesmo que tenha ficado a par de tudo o que ocorre (Umberto D. me surpreendeu, realmente nunca prestei atenção ao filme e se mostrou extremamente emocionante). Foi bom rever outros como La Terra Trema, um pouco apagado da memória, e perceber o quanto outros continuam fortes na lembrança como Os Boas Vidas. Mas dá vontade de rever boa parte e ir atrás dos não vistos. Seus 246 minutos fazem com que seja um pouco mais direcionado aos realmente interessados em cinema do que meros espectadores, mas a viagem é deliciosa. Por ser uma viagem pessoal Scorsese deixa de falar vários outros cineastas italianos importantes e alguns apenas cita de passagem, nem por isso a qualidade decai. O documentário acaba de forma ainda mais pessoal com 8 1/2, para Scorsese (e creio que muitos outros) a mais pura forma de amor ao cinema registrada em filme.


posted by RENATO DOHO 12:57 AM
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