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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

domingo, abril 23, 2006
Spun



O filme de estréia de Jonas Åkerlund só reforça algumas más impressões de clipeiros que viram diretores. A coisa mais irritante é, claro, a edição totalmente picotada que pode até se adequar ao tema de retratar alguns dias da vida de viciados em metanfetaminas, mas em boa parte só serve para deixar a coisa com uma embalagem "moderna" irritante (haja close extremos, até de motor de carro a cada ignição...). Em certas partes essa montagem e a direção conseguem passar essa impressão de chapação, de dias sem dormir, mas isso contamina todas as cenas que isso não era necessário, reduzindo o potencial do que se conseguia em certas partes e deixando tudo dormente após um certo tempo de exposição. Sobre o tema não sei o por que dessa fascinação por drogas, mesmo que o filme seja em tom levemente negativo, talvez por clipeiros conviverem tanto nesse mundo achem que somente isso é interessante (sei lá, mostrar isso é "real", é "subversivo", é "cool" ou melhor falando: é chance pra ficar fazendo brincadeiras com a câmera). Por um acaso uma tia acabou vendo o filme comigo e foi engraçado vê-la comentar o tanto de palavrões que os personagens diziam e como tinha cenas de cheiração a cada minuto, o que pra ela se fez importante por "mostrar a realidade". A opinião mais comum sobre o filme é que a não ser que você tenha passado pelas metanfetaminas o filme não te envolve e faz com que você não entenda todas as piadas e situações. O que realmente pode acontecer, mas a forma como o filme foi feito deixa espaço para apontar várias falhas que prejudicam o todo. O filme nem tenta se levar tão a sério, senão os dois policiais do filme estariam totalmente deslocados, além de várias outras cenas esdrúxulas (a punheta telefônica do John Leguizamo, a cagada da Mena Suvari). Há porém bons momentos cômicos vindos dessa não seriedade. Fora todos os cacoetes "estéticos" o que também prejudica é que tudo fica meio vazio e isso não é algo bom mesmo que se tente falar que a vida dessas pessoas é vazia, é só chato mesmo. E há atores interessantes nisso (Jason Schwartzman, Brittany Murphy, John Leguizamo, Mickey Rourke, Mena Suvari, Deborah Harry), só que Jonas não é diretor de primeira viagem que se preocupa exatamente com interpretação e personagens, ele cria tipos e nisso os atores se encaixam e se contorcem bem para criá-los. O roteiro é baseado em relatos de viciados reais, o que explica várias situações ridículas que só drogados podem vivenciar sem se dar conta disso. A trilha sonora é de Billy Corgan, que faz uma participação especial como um médico no hospital (há outras participações especiais durante o filme como Ron Jeremy, por exemplo). A versão censurada do filme deve conter menos cheiração, nudez e um close de pico pelo que imagino. No final é até um filme curioso para se ver, mas há muita chance de irritar profundamente certas pessoas (e o filme sendo de 2002 e até agora inédito por aqui parece um indício de que não há interesse). Eu esperava mais do Akerlund.


posted by RENATO DOHO 1:07 AM
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