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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

segunda-feira, março 19, 2007
Fast Food Nation

Segundo filme recente do Richard Linklater que me decepciona. Não tanto quanto A Scanner Darkly. Ele fez um Traffic dos fast foods com narrativas separadas envolvendo o mesmo tema da carne para os restaurantes Mickey. É baseado no livro de mesmo nome escrito por Eric Schlosser que assina o roteiro junto com Linklater. Se não me engano o livro é de não ficção sobre o tema e tentaram ficcionalizar a coisa. Temos o vice presidente da companhia que vai dar uma olhada na cidade onde a carne da rede é produzida pois há muitos casos de coliformes fecais na carne; os mexicanos que cruzam a fronteira e acabam trabalhando na indústria de abate; e uma jovem atendente da rede que se junta à um grupo politizado. Dessas 3 principais narrativas derivam algumas outras. O elenco é variado e bom: Greg Kinnear, Ashley Johnson, Catalina Sandino Moreno, Kris Kristofferson, Wilmer Valderrama, Bobby Cannavale, Patricia Arquette, entre outros. E há algumas surpresas como Bruce Willis, Avril Lavigne e Ethan Hawke (que não é extamente surpresa num filme do Linklater, mas não achava que participaria). A parte com o Hawke é a melhor do filme e quando o filme mais tem a cara de seu diretor. O resto não parece, lembrando dos seus trabalhos para os grandes estúdios. O filme não chega a dar um bom painel dos personagens (a parte mexicana até tem um destaque maior) e nem uma crítica mais forte ao que tenta combater (a não ser a cena mais pro final com o gado sendo morto). Fica no meio termo e assim acaba soando o filme como um todo. Bom, mas nem tanto. Se John Sayles pegasse o tema acho que seria mais ácido, mais crítico e com personagens mais bem construídos.

A Morte E A Vida De Bobby Z (The Death And Life Of Bobby Z)

Filme do John Herzfeld com o Paul Walker novamente bancando o action hero. Ele não atrapalha e há movimentação suficiente para prender a atenção. Mas também não há algo que realmente destaque o filme de tantos outros. O começo é diferente, com um narrador/apresentador que fala de Bobby Z como se fosse uma lenda e aí que vamos para a história que basicamente é um azarado cara preso algumas vezes que é bem parecido com um poderoso e famoso traficante (o tal Bobby Z). Agentes da lei propõem ao sósia se passar por Bobby que morreu de uma hora para outra para enganar um traficante mexicano para libertar um outro agente que está como refém. As coisas não são tão simples assim e a confusão se instala (parece chamada de Sessão da Tarde). A presença de um garoto, que seria filho de Bobby, é ruim e só serve pra fazer um link para relação pai e filho que era melhor nem existir. No fim das contas o filme é mesmo uma sessão da tarde.

A Máscara Do Terror (Bruiser)

Filme fraco do George Romero que tem cara de direto pra vídeo. E decepciona pois é o filme após o ótimo A Metade Negra. O protagonista já é ruim, aí vem a história da máscara e tudo lembra um sub-Psicopata Americano nos temas, ambientes e personagens. Peter Stormare está insuportável. Não há violência explícita e a parte investigativa parece vinda de cine privê. O vilão é uma mistura de Fantasma Da Ópera com V (de V De Vingança). Enfim, fãs mesmo de Romero devem apreciar um pouco mais.

The Secret

Não é documentário, é quase um vídeo institucional/promocional do "segredo", dvd e livro que estão vendendo muito reciclando a velha idéia do poder do pensamento positivo misturando com pseudo-ciência, a tal lei da atração. No fundo no fundo é como muitas coisas que dão certo, simples e que todo mundo poderia pensar (ou inventar, falar, vender, etcs). Você foca em algo e age na direção disso. Nada de novo, mas também nada de enganação. A qualidade da produção é o destaque, já que basicamente são "professores" falando do tal segredo tudo poderia ficar chato e feito porcamente, mas tudo é muito bem realizado seja nos painéis que aparecem atrás dos palestrantes, as encenações que ilustram o que se diz (no nível de um bom comercial), a trilha, a montagem, a divisão bem clara em capítulos e a vinhetinha que marca essas passagens, enfim, uma ótima produção. Até Oprah Winfrey se rendeu ao segredo e fez dois programas sobre o assunto chamando alguns dos professores que aparecem no vídeo. Ela mesma segue essa "filosofia" mesmo antes de saber que era o tal "segredo", por isso se entusiasmou quando soube dele. A coisa do segredo é algo de marketing muito bem feita, pois não se fala exatamente o que é diretamente (antes de baixar eu ainda não sabia do que se tratava, só vendo fui descobrir). No vídeo há uma ênfase exagerada em se ficar rico que irrita, quase todas as histórias giram em torno da pessoa almejar ganhar milhões (e conseguir), mesmo que falem de leve que a riqueza não é tudo. Ao menos na Oprah não teve essa ênfase. Quem tem curiosidade em ver o segundo programa que a Oprah fez sobre o assunto só baixar
aqui. Não faz mal não ter visto o primeiro ou mesmo não ter visto o vídeo. Assim vocês saberão do "segredo"... hehehehe

Borat (Idem)

Não é por nada não mas é a comédia mais sem graça que vi nos últimos tempos. Aliás não sei se posso falar em comédia algo que não me fez rir (sorrir? 2 momentos: a briga de Borat com seu produtor e Borat mostrando a foto dele com seu filho para uma mulher). Sério, é isso que tanta gente estava discutindo, seja positiva ou negativamente? Parece um programa de tv esticado e sendo assim sou mil vezes mais Jackass! Mesmo em Jackass aqueles sketches onde há interação entre o elenco e pessoas reais são as menos engraçadas, em Borat menos ainda pois nunca se estabelece o que o filme é. De início já vemos que não é documentário, então é uma farsa, aí começam a surgir aqui e ali pessoas que aparentemente não tem noção que aquilo é uma farsa e o humor supostamente deveria vir disso. Mas se não sabemos (claro que hoje quem vai ver sabe do Sacha e tudo o mais, mas originalmente o público não deveria saber) então muita da graça não acontece, afinal se aquilo é algo encenado é mal feito, mas se é "real" é só constrangedor. Sacha não interpreta bem e a direção não consegue dar um ar de realidade tanto na parte ficcional (Borat sozinho ou com o produtor) quanto na "documental", soa tudo falso e amador. Isso até me fez lembrar as clássicas reportagens que meu primo fazia onde fingia ser um repórter e entrevistava o pessoal na rua fazendo as perguntas mais sem sentido possíveis; como era pessoal do interior achava que era reportagem mesmo... Se há graça em Sacha quebrar várias coisas numa loja ou ficar tentando beijar pessoas na rua me foge completamente. Imaginava que era corajoso como o pessoal do Jackass, ao menos quanto a se auto humilhar e provocar: por que não colocar suas fezes no próprio prato e comer diante daquela família? por que não ser mais ousado com as mulheres (como ele é quando está com atrizes no Cazaquistão) tanto sexualmente quanto ofensivamente (supostamente Borat acha as mulheres inferiores)? por que não provocar e ser abertamente racista diante dos negros ao invés de apenas bajulá-los? medo? por que não acabar mijando nas calças durante a entrevista ao vivo? por que não mostrar o costume de se comer uma galinha viva em pleno McDonalds ou algo assim? Ir numa igreja evangélica e entrar na onda do exorcismo não é nada demais ou mesmo cantar o hino engraçadinho na abertura de um rodeio. Mal comparando Sílvio e Vesgo são mais audaciosos. E não querendo comparar, mas comparando, Michael Moore joga mais pesado (e pra algo a mais do que só humor). Outra coisa estranha é que supostamente o filme apresentaria o lado mais ignorante dos americanos, onde ouviriamos coisas que não fosse a farsa as pessoas nunca falariam... Bem, ouço coisas muito piores aqui mesmo sobre pobres, negros, gays, retardados, gordos, mulheres, estrangeiros, etcs. Os americanos mostrados são até normais e educados diante do besta do Borat. A confusão em saber exatamente quem faz ou não parte do projeto é uma das principais falhas. Aquela família que o recebe para a janta, quem são? Por que o receberam? Aquele casal judeu, quem é? Pamela Anderson sabia ou não de tudo? Tanto não se ri com o Sacha (ao vermos as reações das pessoas) quanto com ou do Borat (pois sabemos que é o Sacha tentando se passar por Borat, fragilmente). Fica aquela dúvida retórica: "isso era para ser engraçado?" que pensamos ao ver algum cômico ruim ou pessoa sem graça que acha que é piadista. Até o momento que dá pra sorrir (a briga de Borat e o produtor) é mais algo extrafílmica, pensa-se "o que pessoas não fazem para ganhar dinheiro?". Muitas das situações tinham mais potencial do que Sacha consegue extrair delas. Se pensar que houve algum tipo de planejamento antes aí fica pior ainda, pois é tudo muito mal construído. O humor só vem de conhecimento prévio, sem ele só se ri (teoricamente) das besteiras do Borat. Acaba que Borat é meio Forrest Gump visitando os EUA e sabemos que Forrest é não é lá muito engraçado. Uma qualidade posso apontar, ao menos, a trilha, que é muito boa.

Crimes Em Série (American Crime)

Besteirada com a Annabella Sciorra e a Rachael Leigh Cook (2 motivos para ter visto o filme). Filme de investigação de um serial killer que se passa como se fosse um programa televisivo do tipo Linha Direta. Fitas enviadas, suspeitos, pessoas desaparecidas... Uma hora é suspense outra um exagero cômico e assim nunca levamos nada a sério.

posted by RENATO DOHO 10:26 PM
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