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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, junho 06, 2007
Pegar E Largar (Catch And Release)

Susannah Grant, roteirista de Erin Brockovich e Em Seu Lugar, estréia na direção com um filme que mistura a morte, com o humor e o amor de uma forma levemente diferente e conseguindo bons resultados nas 3 frentes. Jennifer Garner perde seu noivo e no processo de recuperação, auxiliada por dois amigos, começa a conhecer melhor o falecido através de um grande amigo dele que mora longe dali e de uma inusitada informação. Uma surpresa é ver Kevin Smith como um dos amigos, sendo só ator mesmo. E não é que ele funciona? Não é só um bobão alegre e até adquire um humanismo insuspeitado. Aliás, Grant tenta fazer com que todos os coadjuvantes tenham mais lados para serem mostrados chegando a um ponto que a maioria fica simpática ao espectador, nesto ponto o destaque é para Juliette Lewis que em nenhum momento é mostrada de forma negativa, o que seria o mais comum. A única coisa que não se tenta explicar ou mostrar é por que a personagem de Garner se apaixona pelo melhor amigo do falecido. Primeiramente é algo apenas para extravazar a dor, mas depois ele nunca mostra algo a mais. Ainda por cima logo no começo ele é pêgo numa situação que diminui seu caráter. E isso é uma falha quando há outro pretendente, um outro amigo (justamente o personagem que mais me identifiquei) que se declara e mostra sentimentos e qualidades. Parece apenas que já que ele era o coadjuvante ele nunca poderia ficar com a protagonista. O falecido, que nunca aparece, é um dos personagens mais presentes do filme e ainda bem que nunca é mostrado porque ele muda tanto de personalidade (amável, destestável, compreensivo, falso) que é melhor ficar na imaginação do que encorporado num ator. De resto o filme tem carisma suficiente para emocionar e alegrar.

Somos Marshall (We Are Marshall)

McG fazendo um drama e fazendo bem. Mais sóbrio, bem diferente do que fez anteriormente ele pega uma história real e faz um drama que envolve toda uma cidade se recuperando de uma grande tragédia, o time inteiro de futebol americano, além de outras pessoas da comunidade, morrem num acidente de avião. Matthew McConaughey (um dia quero escrever o nome dele sem precisar consultar hehe) é o treinador que se oferece para retomar o treinamento do time da universidade local. Matthew Fox é o assistente que não pegou o vôo fatal e sente o peso disso. Engraçado como o filme parece um pouco com o logo acima, mesmo sendo bem diferentes. O tema da morte, da recuperação e novamente um personagem sem explicação. Aqui, no caso é o protagonista. Nunca fica bem entendido porque ele aceitou a árdua tarefa, ele dá uma resposta meio vaga durante o filme e fica nisso. Não é o mais importante, mas a questão fica na mente ao final. Outra coisa interessante é que em nenhum momento se questiona o futebol como sendo um dos motores da cidade e fazendo com que sua recuperação seja fundamental. Uma comunidade inteira dependendo disso faz pensar nas falhas desse sistema que não são discutidas no filme: alunos fracos no estudo sendo chamados para universidades importantes apenas por serem bons em algum esporte, vantagens e privilégios que esses estudantes recebem comparados com os outros (e isso já desde o colégio, só lembrar da clássica divisão entre os atletas e os losers), o dinheiro por detrás de tudo quando o que se deveria focar era na excelência acadêmica (mas faz sentido no mundo em que universidades viram empresas), etcs. Mas raros os filmes americanos que questionam isso, assim como duvido que um filme nacional realmente questionasse o nosso futebol de forma contundente.

O Segredo De Beethoven (Copying Beethoven)

Ed Harris como Beethoven é algo pra se ver, pelo menos. Só que o foco aqui é a copista interpretada por Diane Kruger, que não existiu na vida real. Lembra bastante o Minha Amada Imortal só que aqui é menos o lado romântico e mais o papel feminino naquela época. Agnieszka Holland faz um trabalho competente, mas não muito além disso. O recurso que usou ao final da apresentação na nona sinfônia parece familiar, será que foi o mesmo que Bernard Rose usou? A surdez de Beethoven é muito variável no filme, às vezes ele não ouve nada e em outras quase tudo (e na época era para ser completamente surdo) ficando sua regência meio falsa para quem vê (no filme ele deveria ouvir várias coisas, mas o personagem age como se não ouvisse absolutamente nada). Uma pena que a personagem feminina nunca existiu, haveria mais relevância caso tivesse existido.

Lições De Vida (Driving Lessons)

A velha história de rapazinho aprendendo sobre a vida com uma senhora de idade não mostra neste filme nenhuma novidade. A religiosidade dos pais do garoto é pouco explorada. A atriz que faz a senhora consegue ser tão rabujenta que é difícil termos simpatia por ela, mesmo quando mostra seu lado doce. O roteiro não a explora bem a ponto de percebermos sua personalidade. Enfim, apenas para fãs da Laura Linney mesmo, que faz a mãe do garoto. Como eu.

Altered

Um dos co-diretores de A Bruxa De Blair, Eduardo Sánchez, em seu primeiro trabalho solo. Trama curiosa, uma inversão dos filmes de abdução de pessoas por alienígenas. Aqui é o alien que é capturado por alguns caipiras que sofreram abduções anos atrás. É quase um filme de vingança, só que eles não sabem o que fazer com o alien. Se no começo quando não se mostra o ser depois ele é mostrado até demais, seria melhor continuar levemente misterioso, ficaria mais ameaçador ao menos. Só que ridículo não fica. As coisas vão acontecendo e a trama vai seguindo como o esperado. No fim é um bom filme, bem filmado, um pouco prejudicado pela falta de elenco melhor e um maior desenvolvimento da história.

Os Monólogos Da Vagina (The Vagina Monologues)

A famosa peça (teve até adaptação nacional) virou um especial da HBO onde a atriz original representa trechos da peça e coloca no meio as entrevistas com mulheres que a levaram a escrever a peça. Não fica exatamente bem equilibrado porque leva um tempo para que nos acostumemos com seus monólogos que variam do alegre ao triste e ao sério. Bom pra conhecer a peça e o talento da atriz e não para o projeto de transposição para a tv em si.


posted by RENATO DOHO 12:17 AM
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