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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

terça-feira, outubro 23, 2007
Duelo De Gigantes (The Missouri Breaks)

Outro grande filme de Arthur Penn voltando a trabalhar com o western, mas sem o ser exatamente. Muito desse 'sem ser um western exatamente' se deve aos personagens. Se com Paul Newman ele conseguiu que Billy The Kid virasse um personagem shakesperiano o que dizer do que ele faz aqui com Marlon Brandon e Jack Nicholson? O personagem de Brando é sui generis, um espírito maior que o filme, quase incompreensível tanto para nós quanto para os outros personagens do filme. Por vezes ele é o diretor do filme e em outras o seu espectador. Só que o filme não se sustenta somente nele. A relação do personagem de Nicholson com a de Kathleen Lloyd é primoroso. O primeiro encontro deles é excepcional nos diálogos, nas interpretações e na forma como Penn os capta. E isso se repete nos seus encontros posteriores. Há humor em várias partes ressaltada pela trilha anti-natural que John Williams compôs, alguns dizem que ressaltando esse lado anti-western do filme. O bando de Nicholson conta com atores bem conhecidos: Randy Quaid, Frederic Forrest e Harry Dean Stanton. Penn fez mais uma pérola cinematográfica não muito valorizada.

O Canibal (Rohtenburg)

Um curioso filme alemão baseado na história real do canibal de Rohtenburg que matou e comeu várias partes de um homem que concordou previamente com isso. Keri Russell faz uma estudante americana que escreve uma tese sobre o caso que vai para o local onde tudo ocorreu. Mesmo sendo a protagonista ela aparece de vez em quando já que a narrativa principal é no passado, com a vida do canibal e como começou a procura por alguém que quisesse ser comido por ele. O que poderia ser um filme de horror sobre o caso vira um esquisito filme de amor. O encontro do canibal com o homem que quer ser comido é o encontro de almas similares, pessoas que se completam e finalmente podem ser quem elas realmente são uma com a outra. O diretor, Martin Weisz (que depois fez a continuação de Viagem Maldita), filma muito bem e consegue compreender aqueles personagens, há um carinho evidente para com essa trágica história de amor.

Oscar Niemeyer – A Vida É Um Sopro

Documentário bacana sobre o conjunto da obra de Oscar Niemeyer com filmagem dos locais e obras, entrevistas com o próprio e imagens de arquivo. A figura de Oscar é que dá o tempero a mais com sua declarações ácidas sobre vários assuntos. Quase nada de sua vida pessoal é comentada, somente seu lado político é abordado. Há um misto de admiração e ceticismo de minha parte, não gosto de algumas obras, outras acho geniais. Ele defende a estética pela estética e não é uma idéia que me agrada de todo. Um bom exemplo é sua opinião da minha querida Bauhaus que ele acha um berço de mediocridade, pois vai exatamente contra a ideía da estética pela estética. Alguns momentos são verdadeiras aulas de arquitetura misturadas com uma filosofia do cotidiano. Ele é naturalmente um pessimista o que dá em comentários bem engraçados sobre os assuntos; um niilismo (que ele não acha que seja) que considera muitas coisas e pessoas medíocres e idiotas. Vendo-o aos 100 anos não dá pra não achar que a longevidade passa pela falta de pudor, tá aí Dercy Gonçalves com o mesmo jeito desbocado de ser como exemplo.

O Ex Namorado Da Minha Mulher (The Ex)

Zach Braff e Amanda Peet fazem o casal que está para ter seu primeiro filho só que ele é despedido no dia em que ela dá a luz e com isso tem que aceitar um trabalho que o pai dela oferece, trabalhar numa agência 'moderna' de publicidade. E lá há uma pessoa do passado dela que vai fazer a vida dele um inferno. É engraçada a visão dessas novas agências com suas manias (tipo a bola invisível) e tipos (o chefão é um hippão que vive viajando e fazendo esportes radicais). Jason Bateman é que é o quase ex do título e está tão bem que faz com que o achemos um fdp mesmo sendo um paralítico em cadeira de rodas. A trama segue aquelas paranóias típicas onde o protagonista começa a ser visto negativamente por todos e o espectador sabe quem realmente não presta. A resolução é até tranquila, o que é até natural mas que geralmente não é utilizada assim, afinal uma relação de vários anos não muda do dia pra noite apenas com alguns mal entendidos (só em filmes a coisa muda da água pro vinho). Há o exagero da surpresa, mas que cabe bem ao filme.

Judge Judy: Justice Served

Uma seleção de alguns casos do programa (que não passa aqui) onde a juíza Judy Sheindlin julga no tribunal de pequenas causas. Pra quem gosta de tribunal é ótimo, você em poucos casos vira fã da juíza, da sua forma de fazer as perguntas e decidir. Melhor ainda são os casos, muitas vezes por motivos banais, mas que conforme vamos vendo dão uma amostra da vida em sociedade sob o ponto de vista da lei. Mil vezes melhor do que esses programas de casos reais de problemas familiares, conjugais e etcs que abundam nas tvs tanto daqui quanto de lá de fora com besteiradas espirituais e/ou psicológicas sendo vomitadas. A produção é simples, não há advogados ou promotores (ainda bem), apenas as pessoas envolvidas e a juíza, e pelo visual alguns casos são bem antigos. Adoraria que passasse na tv a cabo por aqui, dá vontade de ver mais casos.

Os Maiorais (The Moguls)

Jeff Bridges é um sujeito que ainda tenta se dar bem na vida, mas sempre está duro, vive cheio de idéias que geralmente fracassam e que vê sua ex agora casada com um milionário gente boa e seu filho tendo do bom e do melhor, coisa que ele nunca pôde prover, mesmo que o filho não ligue para isso e ame o pai de qualquer jeito. Mas ele ainda quer ter sua chance na vida e tem a idéia de fazer um filme pornô em sua pequena cidade do interior com a ajuda de sua turma de amigos que sempre está disposta a embarcar em suas loucuras frequentes. As confusões que ocorrem na realização do filme é que é a estória central. Lá para o fim vamos perceber que o filme que vemos é que acabou sendo o filme que eles faziam, por isso o personagem de Bridges narra o filme e intervem em vários momentos. Há momentos engraçados como a dos negros contratados que não são tão equipados quanto a equipe achava que eram ou a vendedora de colchões com sua chefe ou o amigo gay que não se assumia (feito pelo Ted Danson). Os defeitos se escondem nessa idéia de que o filme que vemos é o que eles fizeram, pois falta uma liga maior e uma maior criatividade nas situações, mas que se justificam por ser um projeto claramente montado como uma colcha de retalhos e feito por amadores. Por outro lado o companherismo da equipe e a relação entre pai e filho são qualidades.


posted by RENATO DOHO 1:10 AM
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