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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, novembro 26, 2008
The Shield (2002 - 2008)



O que tenho a dizer sobre a série que terminou ontem? Tanta coisa, mas ao mesmo tempo o próprio episódio final reforça que a verdadeira força vem do não dito. É uma série perfeita. Seis anos, sete temporadas, uma temporada melhor do que a outra e todas beirando o excelente, o que esperar mais? Essa última temporada, filmada ano passado durante a greve dos roteiristas, não contou com nenhuma grande participação especial como as anteriores, que tiveram presenças muito marcantes de Anthony Anderson, Glenn Close e Forest Whitaker - era apenas o núcleo principal, como num ciclo, tendo até no último episódio a retomada da parceria do piloto: Shawn Ryan, o criador do seriado, escrevendo e Clark Johnson, o diretor do piloto, dirigindo (quem o conhecer vai notar que ele faz uma ponta importante no episódio). E se o público esperava grandes embates físicos ou verbais ao final receberam muitas cenas em que o que vale é a imagem, é a interpretação, onde as palavras faltam diante do que está sendo mostrado.

Para os verdadeiros fãs há pistas aqui e ali da intenção dos realizadores para o futuro, como ter a atriz Julia Campbell, esposa na vida real de Jay Karnes, como uma advogada que se interessa por Dutch.

O seriado passou por grandes perdas como a morte do diretor Scott Brazil em 2006, elemento extremamente importante do seriado, o diretor que mais dirigiu episódios e o que mais sabia dos personagens e suas tramas. Ainda mais num seriado "família" por assim dizer, já que a esposa de Shawn Ryan, Cathy Cahlin Ryan, era grande amiga da esposa de Michael Chiklis, e daí que o ator foi sondado para ser Vic Mackey. Uma das filhas de Vic é interpretada pela filha na vida real de Chiklis. E David Rees Snell, o Ronnie, é amigo de longa data de Ryan e entrou no seriado apenas de favor, num papel sem falas, como o quarto integrante do Strike Team. Mesmo assim a série manteve seu nível sempre alto, onde a superação da temporada anterior era o objetivo.

Se a série revelou diversos ótimos atores (muitos para serem citados aqui, mas Michele Hicks é um exemplo, e foi maravilhoso tê-la de volta ao seriado) e transformou outros bem estabelecidos - o próprio Chiklis era o oposto do Vic na série The Commish que vi na década de 90, foi uma surpresa sua radical transformação - um dos que mais se mostraram essenciais, e na última temporada, bem como nos episódios finais foi extraordinário, é Walton Goggins, o Shane. Só ele pra ser o antagonista de peso desse final e foi algo tão bem desenvolvido que há uma mistura de sentimentos que temos pelo seu personagem, e é dele que, quem diria, vemos e presenciamos a maior história de amor da série (isso se não esquecermos que a amizade de Dutch com Claudette é emocionante).

Espero que tanto Walton quanto Michael (e também CCH Pounder) recebam muitas indicações e prêmios pelo que interpretaram nessa temporada final, isso para ficar no mínimo do que a série realmente mereceria.

A combinação perfeita de atores (tanto os fixos como as participações especiais), personagens, roteiros (com arcos, histórias e tramas) e equipe técnica (câmera, som, direção, cenários, figurinos) deixa a série num patamar de elite que pouquissimos seriados chegaram até hoje (como Sopranos). Aliás, não é de hoje que comparava Vic Mackey ao Tony Soprano na representação/crítica/síntese do homem americano da atualidade em todas suas qualidades e seus defeitos, fazendo com que as séries se elevassem e representassem um pedaço da cultura de seu país, proporcionando reflexão na figura de carismáticos anti-heróis, sendo muito mais do que meros entretenimentos semanais.

E já sinto falta dos personagens, das situações, do strike team...


posted by RENATO DOHO 9:51 PM
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