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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

domingo, fevereiro 22, 2009

Punisher War Zone, 2008

Na lata: dentre os três filmes baseados no personagem esse é o que mais chegou perto, mas mesmo assim em vários aspectos passa longe. Os três filmes têm coisas legais e também coisas ruins. Primeiro o ator, definitivamente Ray Stevenson é o mais próximo do Frank Castle em visual e atitude. Só de vê-lo em cena já dava aquela sensação de estar diante, finalmente, de Castle; Dolph Lundgren apesar de ter feito um de seus melhores papéis chega a ser forte demais e Thomas Jane é galã demais (e de aspecto frágil, delicado). Na construção do personagem há um empate da versão de 1989 com a de agora, já que a de 2004 é péssima. Há um problema nos três que é o roteiro (nessa versão pegaram os roteiristas de Homem De Ferro com um de Prison Break), derivativo demais e que cria uma "estórinha" que não tem propósito, servindo de desculpa para se ter um vilão e confrontos; em 2004 é até ridículo a trama que se cria em torno de John Travolta e seu braço direito. Outro problema é que nunca há uma continuação real, sempre se recomeça e assim os acertos anteriores não prosseguem e os pontos fracos não são melhorados (como é perceptível nas comparações de X-Men e X-Men 2 / Batman Begins e O Cavaleiro Das Trevas). Da versão '89 tira-se de bom as conversas do Castle com Deus, seu aspecto mais calado, e a eficiência de Mark Goldblatt para as cenas de ação; de ruim o orçamento bem limitado que deu um aspecto pobre ao filme, a trama básica, e o não uso do uniforme oficial. Da versão '04 o único aspecto positivo é a tentativa de, em alguns momentos, dar um clima anos setenta para as cenas de ação (e no carro usado também).

A diretora Lexi Alexander teve problemas durante a produção do filme e não dá pra saber o que é dela ou ficou de fora; Kurt Sutter (The Shield) era o roteirista original e saiu por causa dos rumos tomados, talvez esse roteiro é que deveria ter sido filmado (algo mais realista talvez).

Há apenas 2 cenas de maior ação no filme, o que é bem pouco, perdendo-se um tempo enorme numa trama que no final das contas não leva a lugar algum, não tem importância ou gera reflexão. Caso a narrativa fosse forte as poucas cenas de ação não fariam muita falta, mas como ficou geram um espaço não preenchido. Por outro lado a diretora acrescenta muito mais violência gráfica do que os outros exemplares.

Pessoalmente não gosto das tentativas de humanização do Frank Castle geralmente incluindo uma mulher e/ou uma criança no meio; aliás não gosto muito quando Castle fala com qualquer pessoa, pois tudo parece banal, o personagem é muito mais internalizado, falando consigo mesmo e com sua vivência ele vai ficando cada vez mais anti-social.

A trilha peca por dar um tom de super-herói para as ações, mais adequadas à um Batman ou Homem Aranha. Isso sem falar no metal que aparece de vez em quando. Quem sabe sem trilha alguma fosse a melhor solução (ou uma minimalista, percussiva).

O visual tenta homenagear/adaptar o clima dos quadrinhos e, num certo aspecto, até que não atrapalha, nunca virando um Dick Tracy no exagero. E nesse aspecto de emular os quadrinhos o humor do Garth Ennis é inserido aqui e ali com resultados esquisitos. Acho que essa mistura de humor e violência do Ennis cabe perfeitamente nos quadrinhos, mas nas telas é extremamente fácil sair fora do tom e prejudicar os dois lados.

Os vilões caricatos não me agradam, mas aí é apenas uma forma de encarar a adaptação já que eles existem nos quadrinhos e lá funcionam bem. Quando são normais demais ('89) não entusiasmam e quando importantes demais ('04) tiram todo o foco do filme, é um aspecto complicado de se lidar.

Botar Wayne Knight como Microship é um erro que não deveria ser tão comum (mas é). Ele é comediante e por mais que não tenha cenas engraçadas ele serve de alívio e quem iria confiar todo planejamento operacional nas mãos do Newman?!

Poderia ficar listando característica por característica que gostei, não gostei, concordei ou não dessa versão, mas melhor rever o filme e esperar que, se houver, um novo filme do Justiceiro (mantendo Stevenson no papel) faça jus ao potencial que eu sei que o personagem tem, saindo de ser uma mera adaptação de quadrinhos ou um simples filme de ação.

O filme não sairá nos cinemas daqui indo direto para dvd lá para Agosto. Sairá uma versão dupla em dvd que tenho muita vontade de conferir, pois inclui áudio da diretora. Pena que os 45 minutos que supostamente foram cortados não foram listados nos extras.


posted by RENATO DOHO 12:19 AM
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