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"Sometimes meaningless gestures are all we have"

quarta-feira, fevereiro 28, 2007
Rápidas

Pra não deixar pra trás filmes vistos que eu não mencionei aqui:

O Segredo Dos Animais (Barnyard)

Quis conferir a animação pelo diretor, mas é bem irregular.

Norma Rae (Idem)

Até que gostei do filme, com clima anos 70 (tema social, classe trabalhadora, fotografia "crua", protagonista nada certinha) e boas interpretações. Sally Field ganhou Oscar de melhor atriz (e acho que a canção também foi premiada).

Num Lago Dourado (On Golden Pond)

Outro bem com cara de Oscar que nunca tinha visto. Henry Fonda e Katharine Hepburn juntos, é algo irresistível. A relação de Jane com o pai foi tão próxima da realidade que não tem como presenciar registrado em película abertura emocional dos dois, o reencontro pela arte. E a cena quase ao final de Henry e Kate é emocionante pelos atores, pelos personagens, pelos dois seres ali filmados.

Umberto D. (Idem)

Mesmo sabendo de todo o filme pois foi "destrinchado" por Scorsese em Il Mio Viaggio In Italia a emoção não foi prejudicada. Que belo filme de De Sica!

Genevieve (Idem)

Clássica comédia inglesa muito divertida onde vemos uma corrida de carros antigos onde dois casais amigos participam e acabam fazendo uma aposta. No meio da diversão vários pequenos comentários sobre vida a dois, homens e seus carros, amizade e rivalidade masculina. No dvd há entrevistas recentes com as pessoas ainda vivas que participaram do filme (uma atriz, o montador, o diretor de fotografia, o compositor, os carros, etcs) e como o filme se tornou famoso e querido entre o público britânico.

Almas Perversas (Scarlet Street)

Um ótimo Lang aparentemente comum que vai se mostrando um noir de primeira e com diversos temas trabalhados como a representação do falso, a ilusão do real, a farsa (artística) e o jogo de percepções. E os finais são cruéis para todos os personagens, não os livrando de um eterno tormento, mesmo após a morte.


posted by RENATO DOHO 12:24 AM
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sábado, fevereiro 24, 2007
Titus (Idem)



Primeiro filme de Julie Taymor que já tinha nome pela elogiada adaptação de O Rei Leão para a Broadway além de outras óperas e peças. Desde 1999 quando vi poucas cenas do filme que fiquei curioso, mas o filme nunca chegava por aqui. Até que passou na tv paga e acabei gravando, mas ainda esperando que chegasse em dvd para não ver o filme em full. Acho que valeu não ter visto em full, o filme até poderia ganhar mais se visto no cinema, mas em seu formato correto em dvd até que está ok. Taymor adaptou a famosa peça de Shakespeare misturando tempos, assim vemos objetos de épocas totalmentes diversas, a Roma antiga com carros dos anos 40, estamos na antiguidade ou em plena segunda guerra mundial? Festa romana ao som de big bands. Como ela não tenta explicar essa mistura tudo no final acaba parecendo coerente. A trama parece ser embrião de outras futuras obras que Shakespeare escreveria, há algo de Rei Lear, de Lady MacBeth, até de Hamlet. O visual do filme não poderia deixar de ser o maior destaque. Taymor até se contém não criando algo mais grandioso perto do final (uma batalha talvez), se atendo à narrativa. Anthony Hopkins, Jessica Lange, Harry J. Lennix e Alan Cumming estão muito bem. Lange, como sempre, consegue colocar algo de sexual em seu personagem (pena que não inteiramente explorado) mesmo já sem o frescor da juventude, ela emana sexo em seus papéis sem nunca ter feito algo mais forte neles. Há algumas partes mais arrastadas que não justificariam as quase 3 horas de duração, poderiam ter sido substituídas por momentos mais impactantes e surreais. O uso do garoto (no começo parece ser um garoto contemporâneo fantasiando tudo, mas depois se incorpora à trama) fica um pouco no ar, principalmente no final, um pouco 2001.

88 Minutos (88 Minutes)

Bom thriller com Al Pacino dirigido por Jon Avnet. O diretor tava sumido desde Justiça Vermelha fazendo filmes para a tv como Insurreição e episódios de Boomtown. Volta somente agora aos cinemas onde o destaque maior é o elenco feminino: Alicia Witt, Leelee Sobieski, Amy Brenneman e Deborah Kara Unger. Talvez o filme vá direto para as locadoras nos EUA pois ainda não foi lançado por lá. Tem uma cara de straight-to-video mesmo e ainda com uma trama absurda que provavelmente tem vários furos. Apesar de tudo isso o filme consegue prender a atenção e ficamos querendo saber por que de toda a confusão (mais do que quem está fazendo isso). Um psiquiatra forense do FBI é ameaçado de morte, ele tem 88 minutos de vida e tudo pode estar relacionado com um antigo caso em que ele foi a testemunha pericial chave e o condenado está para cumprir sua pena de morte. Boa presença de Neal McDonough como o condenado. A trama lembra bastante Copycat com Sigourney Weaver no lugar do Al Pacino, até achei que era do mesmo diretor e o fato da contagem regressiva nos faz pensar em Tempo Esgotado e 24 Horas. Pra quem não esperar muito é uma boa diversão com elenco mais conhecido do que a média.


posted by RENATO DOHO 1:40 PM
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sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Sete Homens Sem Destino (Seven Men From Now)



Excepcional western de Budd Boetticher. Conheço, de ouvir falar, esse filme há tempos devido ao famoso texto de André Bazin sobre ele. O texto sempre esteve aqui, mas ler mesmo só após conferir o filme (e vale à pena, com Bazin destacando a característica que mais gostei no filme). O filme andava meio sumido, nunca fora lançado comercialmente em vídeo e as poucas cópias existentes estavam num estado deplorável, mas a
edição especial em dvd recupera todo seu esplendor tornando quase que item obrigatório para qualquer cinéfilo. Como explicar tão extraordinária obra se ela é tão simples? A história é básica, envolvendo vingança, 7 homens e um carregamento de ouro; a direção tenta passar desapercebida, sem movimentos de câmera que chamem a atenção; e a duração é curta, menos de 80 minutos. Aliás essa é uma qualidade rara, um filme completo, cheio de momentos marcantes, personagens ricos sem nunca parecer que esteja faltando ou sobrando algo. A cena na carroça onde Lee Marvin conta uma história é memorável, assim como o tiroteio nas rochas e o duelo final (estraga dizer que a morte de um personagem é feita de maneira como nunca tinha visto antes e foi conseguida apenas pela forma como foi montada?). As relações complexas entre os personagens são obtidas em tão pouco tempo que impressionam. As ações dos personagens revelam tanto com tão pouco (hoje em dia um filme levaria 3 cenas, 1 flashback e vários diálogos para talvez conseguir chegar perto). O final não poderia ser outro, respeitando os personagens e jogando para além-filme o que seria tradicionalmente o final. O filme é da companhia de John Wayne e seria um filme para ele, mas devido à Rastros De Ódio chamou Randolph Scott no lugar que chamou Budd para a direção. As atuações de Scott, Marvin e Gail Russell são excelentes. Gail foi uma bela revelação e no dvd há um retrospecto de sua breve vida que dá conta de sua trágica história. Um outro extra fala da locação, famosa até hoje e que abriga um festival anual que exibe westerns feitos na região. Há também um ótimo documentário, Budd Boetticher - An American Original, que conta com presenças de Clint Eastwood e Quentin Tarantino (dando depoimento juntos), Peter Bogdanovich, Taylor Hackford, Robert Towne, Andrew Sarris, a nora de John Wayne, o próprio Budd e outros. No documentário destacam a personalidade de Budd e como as marcantes cenas realmente impressionaram todo mundo, sendo que a da carroça tanto Budd quanto Burt Kennedy (roteirista e grande amigo) acham a melhor cena que já filmaram (e são 4 atores falando num local bem apertado). E como bem diz um dos capítulos do documentário e uma das características de Budd tudo é uma questão de Keeping It Simple!

posted by RENATO DOHO 12:05 AM
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quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Shut Up & Sing



Documentário realizado por Barbara Kopple e Cecilia Peck mostrando tudo o que aconteceu desde que Natalie Maines, vocalista do grupo Dixie Chicks, disse, em 2003, num show em Londres, que tinha vergonha que o presidente George W. Bush fosse do Texas, o mesmo estado natal dela, e toda repercussão negativa que isso criou nos EUA. Kopple é documentarista famosa, seu trabalho mais conhecido é o Wild Man Blues que acompanhou Woody Allen em turnê. Mesmo não sabendo com certeza acho que ela estava acompanhando o grupo em turnê, documentando a possível turnê de sucesso de um dos grupos de maior vendagem da história dos EUA, e após o acontecimento mudou o foco do filme. Mas se pensarmos no geral não mudou tanto assim o foco. O filme não é uma declaração política de liberdade de expressão tendo as Dixie Chicks de pano de fundo, mas sim um relato de tudo o que ocorreu se concentrando nas gravações do mais recente álbum, Taking The Long Way. O lado político existe pois o momento retratado lidava com isso e não se chega a enfatizar isso desviando para outros casos, consultando especialistas e fazendo panfletagem. Ao contrário, conhecemos mais a vida pessoal de cada uma (curiosidade, Natalie é casada com Adrian Pasdar, o Nathan Petrelli de Heroes), a gravidez de Emily (a guitarrista), como é o processo criativo entre elas, um pouco do passado do grupo, o fortalecimento da união das três nesse turbilhão e como lidaram com o banimento de suas canções das rádios country, a queda nas vendas e os shows não lotados, as manifestações de censura e ódio, a briga pessoal com o cantor country Toby Keith, ameaças de morte, entre outros assuntos. Acho que esse aspecto de se manter com o grupo, sem desviar muito, é uma das melhores qualidades do filme. A fragmentação temporal é boa, não sendo linear e indo e voltando entre 2003, 2006 e o que aconteceu entre esse período, de acordo com o que cada segmento tem a complementar ou comentar sobre o outro. E o enredo ainda tem aquele apelo bem conhecido da volta por cima que até poderia ser coroado, caso o filme demorasse um pouco mais para ser lançado, com a surpreendente vitória no Grammy deste ano em várias categorias. O documentário acaba sem precisar acrescentar créditos explicativos do que aconteceu depois, termina num recomeço e nisso lembra bastante o final de Rocky Balboa. Para fãs do grupo é obrigatório - acabamos gostando ainda mais de Natalie, Emily e Martie, cada uma com uma personalidade distinta. Para não-fãs é uma bela porta de entrada não só para o grupo mas para os bastidores da música, para os eventos políticos pós 9/11 com relação ao mundo artístico, e para a vida dessas três grandes mulheres que formam o Dixie Chicks.



E quem ainda não viu nem o trailer vale
conferir pois é emocionante já nesses breves instantes.

Aconteceu Perto Da Sua Casa (C'est Arrivé Près De Chez Vous)



Uma pequena equipe de filmagem segue todos os passos de um serial killer, seja ele matando suas vítimas ou convivendo harmoniosamente com sua família. A premissa desse filme belga é curiosa e vamos aos poucos nos habituando à estranha filmagem. Um dos diretores é o próprio protagonista, Benoît Poelvoorde, que tem uma ótima atuação fazendo do assassino alguém fascinante. Os outros dois diretores também atuam no filme já que são o cameraman e o entrevistador. Aliás a vida real se confunde com o ficcional pois a família de Benoît é a mesma do personagem (e não sabia desse lado do filme, achava que participava de um documentário da vida do real Benoît). Há um certo retrato cru de algumas mortes, mas nada chocante (o filme é de 92 e talvez na época fosse um pouco mais do que hoje). Há registros muito bem elaborados que jogam com a metalinguagem utilizando "realisticamente" o som e a equipe de filmagem (e isso inclui o final). Há uma brincadeira com operadores de som que vão morrendo no decorrer da filmagem. A equipe que segue Benoît além de não julgá-lo começa a criar uma amizade com o retratado chegando até a participar dos crimes. Discute-se o limite dos reality shows bem antes que virassem essa febre atual, o alvo, na época, seriam os documentários "reais" e a interação entre realizador e cria. Pena que o trio nunca mais fez outro filme, Benoît segue como ator, André Bonzel como operador de câmera e Rémy Belvaux se matou. Desde quando foi lançado que tinha curiosidade em ver o filme, mas acabei esquecendo e só lembrei recentemente. Creio que se tivesse visto na época teria ficado com impressão ainda maior do que hoje.

posted by RENATO DOHO 12:30 AM
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segunda-feira, fevereiro 19, 2007
O Pequenino (Little Man)

Mais um filme do irmãos Wayans onde Marlon faz um anão que se passa por bebê a fim de recuperar um diamante roubado. Nada de muito novo, mas o lance principal é o efeito conseguido de botar Marlon realmente parecendo um anão. Os efeitos são bem convicentes e quem não conhece o ator fica na dúvida se não está diante de um ator anão. O problema é que eles quiseram deixar a censura bem leve e com isso não há muitas cenas que se possa imaginar com um tema desses, principalmente envolvendo mulheres. Os Wayans não são conhecidos por sutilezas então é estranho vê-los mais bem comportados e assim com menos graça. A atuação de Marlon é ótima e ao ver o making of é mais elogiável ainda pelo trabalho árduo que realizou, atuando sozinho. Curioso é conhecermos a criança que faz o corpo de Marlon no filme e como ele fopi bem mais que um corpo para o filme. O filme até tem um lance sentimental na relação pai e filho (mas eu sempre acho o Shawn Wayans esquisito fazendo um hetero pois ficou marcado como o ambíguo jogador de futebol em Todo Mundo Em Pânico e uma branquela em As Branquelas).

Jesus Camp

Documentário que está concorrendo ao Oscar na categoria. Um retrato sobre os evangélicos americanos e especificamente as crianças. Acompanhamos um acampamento onde as crianças vão nas férias para serem doutrinadas em diversos assuntos, incluindo alguns tópicos nada adequados como política e aborto. Apesar de parecer chocante não é muito diferente de acampamentos, reuniões ou retiros envolvendo crianças que acontecem em várias religiões por aí. É surpreendente ver crianças em transe durante as missas, chorando, recebendo o espírito santo ou em delírios espirituais mas as coisas mais perigosas são ditas pelos adultos. O que difere de outras religiões, ao menos no documentário, é ressaltar como os evangélicos estão cada vez mais influentes na política, misturando as coisas (aqui também ocorre esse fenômeno), fazendo das crianças futuras massas de manobra política, elegendo políticos do interesse para o congresso e a suprema corte. A defesa do criacionismo, a rejeição da ciência, a posição pró-vida, o combate à homossexualidade, são alguns dos pontos abordados. Há alguns dados mostrados como que 75% das crianças que estudam em casa são evangélicas (e acho que os 25% restantes são as crianças do showbusiness hehe) e ao vermos um breve instante das aulas que uma mãe dá aos filhos temos uma pequena noção de como elas estão se formando. Mesmo usando alguns recursos desnecessários (música para ressaltar algo "chocante") o filme não tem (como se esperaria) um aspecto de denúncia exagerada, cria-se simpatia pelas crianças e até pela ministra responsável pelos acampamentos (menos pelo que fala das crianças muçulmanas como se fossem algo a se admirar pela fé que professam, mas mais pela sua real devoção ao trabalho com as crianças). Se há um sentimento de desprezo pelo se mostra isso vai mais de cada espectador pois algumas das crianças mostradas são vistas como carismáticas, desenvoltas, com ótima oratória, e felizes. Um dos raros vistos de forma negativa é Ted Haggard, famoso pastor que constantemente se encontra com o presidente Bush. O filme não mostra mas ano passado se meteu num escândalo de drogas e sexo gay que o prejudicou bastante como um dos grandes líderes evangélicos dos EUA e é justamente de homossexualidade que fala numa de suas missas mostradas no filme. O documentário usa Mike Papantonio como contraponto ao que se mostra, ele é um radialista cristão liberal, não fosse por ele o filme poderia se passar quase como isento de opinião já que os próprios evangélicos que viram o filme acharam que é um bom veículo de divulgação de sua fé, não se sentiram criticados ou vistos negativamente. Em entrevistas os diretores revelaram que Papantonio foi adicionado ao filme mais tarde pois acharam que não havia um outro ponto de vista na narrativa.


posted by RENATO DOHO 1:19 PM
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